A Presidente brasileira, Dilma Rousseff, prestou homenagem ao operador de câmara da Rede Bandeirantes morto a tiro no domingo, durante uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) numa favela no Rio de Janeiro.
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"Esse trágico episódio reforça o sentimento de gratidão e solidariedade aos profissionais de todas as categorias que assumem riscos nas sua tarefas diárias pelos brasileiros", declarou, num comunicado, a Presidente Dilma Rousseff.
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Gelson Domingos, de 46 anos, foi atingido no peito, quando cobria uma intervenção do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da polícia na favela de Antares, tendo sido de imediato transferido para o hospital, mas acabou por não resistir aos ferimentos durante a deslocação.
O operador de câmara tinha um colete à prova de bala, mas mesmo assim a bala - de espingarda automática -- atravessou a protecção.
Casado e pai de três filhos, Gelson Domingos morreu no exercício das suas funções "vítima da violência que afecta inocentes todos os dias no Brasil", lamentou o grupo Bandeirantes em comunicado.
O operador de câmara, que trabalhou 20 anos nesta profissão, deverá ser enterrado hoje à tarde no cemitério Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária do Rio de Janeiro.
As imagens feitas pelo operador de câmara, imediatamente antes da sua morte, deverão ser enviadas para a polícia, que tentará identificar o autor dos disparos que vitimou Gelson Domingos.
A operação do Bope resultou na morte de quatro supostos criminosos e na prisão de outras quinze pessoas, sendo que dessas, oito foram detidas hoje.
Entre os presos, o alegado chefe do tráfico de drogas em Antares, Renato José soares, alcunhado de "BBC", e seu braço direito, Leandro Ferreira de Araújo, conhecido como "China", segundo as autoridades.
A polícia, que apreendeu igualmente armas, drogas e munições, interveio na favela depois de receber informações dos serviços secretos de que os chefes do grupo criminoso Comando Vermelho estariam reunidos, com armas de guerra, na favela carioca.
Este episódio trágico fez ressurgir uma polémica sobre os riscos que os jornalistas sofrem nesse tipo de cobertura, sobretudo devido à falta de capacitação e protecção adequadas.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em comunicado, lamentou a morte do operador de câmara e reiterou a necessidade de capacitação "para todos os profissionais envolvidos em coberturas de situações de conflito."
"Empresas jornalísticas têm o dever de prover todos os meios possíveis para garantir a segurança de seus jornalistas", referiu a nota.
A Abraji apelou "às autoridades do Rio de Janeiro que se empenhem no esclarecimento do crime e espera que os culpados sejam punidos. Mortes como a de Gelson Domingos podem - e devem - ser evitadas."