Milhares de brasileiros foram para as ruas de 18 cidades na quarta-feira para protestar contra a corrupção, num movimento que ganhou força pelas redes sociais.
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O protesto ocorreu num dia que é feriado no Brasil, devido às celebrações do Dia de Nossa Senhora Aparecida. Os protestos foram semelhantes aos registados no Dia da Independência, 7 de Setembro.
A maior aglomeração tornou a ocorrer em Brasília, onde se manifestaram cerca de 20 mil pessoas, com recurso a bicicletas, bandeiras nacionais, vassouras e narizes de palhaço, que cantaram o hino brasileiro em frente ao Congresso.
Entre as reivindicações apresentadas estavam o fim do voto secreto no Congresso Nacional, a aplicação da 'Lei da Ficha Limpa', que impede políticos condenados de se candidatarem, e o endurecimento das penas para o crime de corrupção.
Em São Paulo, o palco dos protestos foi a Avenida Paulista, a principal da cidade, que foi fechada pelos manifestantes. Segundo a estimativa da Polícia Militar, duas mil pessoas estiveram no local.
Com faixas, cartazes e palavras de ordem, mas sem bandeiras de partidos políticos, o grupo, heterogéneo, incluía, lado a lado, idosas da alta sociedade, jovens ambientalistas, 'punks' e maçons. Montado numa moto Harley-Davidson, um homem carregava um cartaz onde estava escrito Fim da Corruptolândia.
"Este é um movimento popular, de cidadãos de bem que resolveram protestar contra a corrupção que está enraizada na sociedade brasileira, e não contra partidos ou políticos específicos", disse Marcio Szalma, do Movimento dos Maçons contra a Corrupção, à Agência Lusa.
O presidente do Senado brasileiro, José Sarney, e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, foram alvo de críticas nominais dos manifestantes.
Além de organizações civis e movimentos sociais, o protesto também mobilizou pessoas que não possuem ligação com nenhum grupo. "É preciso mostrar que a gente não está contente", declarou a bancária reformada Neuza Del Nero.
Apesar de pacífico, o protesto foi marcado por, pelo menos, dois actos de violência, quando alguns 'punks' apedrejaram uma agência do banco HSBC e um restaurante da rede McDonald's, tendo sido detido um jovem pela polícia.
No Rio de Janeiro, a manifestação reuniu cerca de dois mil pessoas, segundo estimativas da Polícia Militar, que percorreram parte da Avenida Atlântica, na orla da praia de Copacabana, até à avenida Princesa Isabel.
Durante o trajecto os manifestantes cantaram duas vezes o hino nacional e fizeram um minuto de silêncio em memória da juíza Patrícia Acioli, assassinada com 21 tiros quando chegava a casa há dois meses.
Além dos protestos anti-corrupção, algumas pessoas faziam reivindicações ligadas a questões locais da cidade, como a saída do governador Sérgio Cabral e a nacionalização do petróleo na região do pré-sal, segundo informações da imprensa local.
Um grupo de crianças da favela de Manguinhos participou do ato, a pintar vassouras de verde e amarelo - em 12 de Outubro, o Brasil também celebra o Dia das Crianças.
Uma nova manifestação nacional contra a corrupção está a ser organizada para o dia 15 de Novembro.