O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Fernando Pimentel, negou que tenha havido exagero da parte da Presidente Dilma Rousseff ao comentar a crise económica, durante visita à Bélgica na semana passada.
Corpo do artigo
A Presidente brasileira criticou o excesso de austeridade dos governos europeus, que pode levar a "mais recessão, aumento do desemprego e desigualdade social".
Para Pimentel, Dilma Rousseff "desempenhou o papel que se esperava da chefe de Estado de um país que, de facto, alcançou uma notoriedade".
"O continente europeu neste momento está perdido num emaranhado de discussões e de disputas políticas que não propiciam soluções", disse o ministro.
As declarações de Dilma Rousseff foram criticadas pelo candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, José Serra.
Serra questionou a postura do Governo em relação aos problemas de outras economias. "Vai a Presidente lá [na Europa] dar conselhos, mostrando que está por fora da situação da Europa", declarou o político na semana passada. Segundo Serra, o governo brasileiro "exagera" no impacto da crise para ter mais solidariedade interna.
Fernando Pimentel considerou que o Brasil já enfrentou crises muito agudas e soube sair delas. Dilma Rousseff "fez uma síntese dessa experiência brasileira" para os seus colegas europeus.
Pimentel também afirmou que a crise económica actual demonstra "o esgotamento de um modelo", em comparação com a crise de 2008, quando "se esperava que [o problema] podia ser resolvido".
"Acho que o modelo económico vigente nas economias desenvolvidas está condenado. Ele vai ter que mudar", declarou Pimentel.
Para o político, "não é possível sobreviver e alavancar economias" com défices públicos como os dos Estados Unidos e da maioria das economias europeias.
Ao ser questionado sobre quais deverão ser os principais parceiros comerciais do Brasil nos próximos anos, Pimentel citou a China em primeiro lugar, seguida pelos Estados Unidos.
"Depois, aí depende muito do que vai acontecer com a comunidade europeia", disse o ministro, que considerou também que o Brasil deverá aumentar sua presença na América Latina.
As declarações foram transmitidas esta terça-feira no programa "Poder e Política Entrevista", produzido pelo jornal Folha de S.Paulo e pelo portal UOL.