O Comité Popular para o Mundial de Futebol e Olimpíadas do Rio de Janeiro anunciou esta sexta-feira que realizará uma passeata no sábado para reivindicar maior participação no planeamento das obras dos dois grandes eventos a decorrerem no Brasil.
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De acordo com os representantes do Comité, a intenção é entregar uma lista de reivindicações às autoridades da Fifa, que estarão presentes no Sorteio Preliminar para os Jogos de 2014, a realizar no sábado na Marina da Glória, no Rio de Janeiro.
O Comité Popular para o Mundial de 2014 e Olimpíadas é formado por um grupo de movimentos sociais que incluem desde associações de moradores de locais que serão afectados pelas obras, até sindicatos de trabalhadores e grupos que lutam pela defesa dos direitos humanos.
"O Comité defende o direito pleno à cidade e à inclusão de todos e todas nos benefícios dos Jogos, antes, durante e depois [dos eventos]", explicou a representante dos moradores Inalva Brito.
Na opinião do grupo, as medidas tomadas pelo governo até agora não indicam que o legado do Mundial de Futebol e das Olimpíadas contribua "minimamente" para a inclusão social e ampliação de direitos sociais, económicos e culturais de uma parcela mais carente da população.
"O Comité é uma iniciativa que visa efectivamente trazer benefícios para a população. Pretendemos dar espaço a todas as parcelas da população que serão atingidas, os operários que trabalharão nas obras dos estádios e também a questão do orçamento. Queremos que seja um espaço de discussão", explicou Marcelo Braga, da coordenação nacional da Central dos Movimentos Populares (CMP).
Estiveram presentes na conferência de imprensa desta sexta-feira três representantes de moradores de comunidades carenciadas da cidade, que se sentiram afectados pela maneira como as remoções estão a ser feitas.
As comunidades reclamam principalmente a falta de alternativas e o baixo preço pago das indemnizações pagas pelo governo pela expropriação dos imóveis.
"É dada uma opção que na realidade não é opção. Ou você pega, ou você pega, porque senão é retirado à força. O convencimento é feito pelo enfraquecimento da comunidade, porque convence alguns [a saírem] e o resto perde a unidade", explicou à Lusa Carlos Machado, morador da região portuária do Rio de Janeiro, onde uma mega obra de revitalização do porto inclui a deslocalização de alguns moradores de favelas próximas da área.
Além do acto no Rio de Janeiro, outras manifestações são esperadas também para sábado em São Paulo e Fortaleza. Essa será a primeira vez que comités populares regionais se articulam para uma manifestação conjunta.