Os partidos de oposição brasileiros pediram a saída de mais um ministro do Governo de Dilma Rousseff, após uma reportagem ter denunciado um alegado esquema de corrupção no Ministério do Trabalho e Emprego.
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A revista "Veja" publicada no sábado noticiou que assessores do ministro Carlos Lupi estariam a cobrar "luvas" de organizações não governamentais (ONG) contratadas para oferecer cursos de capacitação para trabalhadores.
Logo após a denúncia, Lupi determinou uma investigação interna no Ministério e afastamento do coordenador-geral de qualificação da pasta, Anderson Alexandre dos Santos.
Mesmo com a acção rápida do ministro, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) divulgou uma nota em que defende a saída de Lupi do Ministério "para não comprometer ou dificultar as investigações".
Já o Partido Popular Socialista (PPS) disse que pedirá à Procuradoria Geral da República que seja aberto um inquérito para investigar o caso, publicou o jornal O Estado de São Paulo.
Há menos de duas semanas, o então ministro do Desporto, Orlando Silva, deixou o cargo sob acusação de que teria conhecimento de um esquema similar de corrupção. A situação dele ficou "insustentável" após o Supremo Tribunal Federal aceitar um pedido de inquérito da Procuradoria Geral da República.
O jornal Folha de São Paulo destaca hoje que a Presidência da República já havia pedido ao Ministério medidas contra irregularidades.
"A gente fez um alerta de que era preciso cuidado porque não era possível continuar com essa política [de convénios]", disse o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
Segundo Carvalho, essa conversa ocorreu há cerca de três meses. O responsável voltou a conversar com Lupi no sábado, após a reportagem, e disse que orientou o colega para ele se defender.
"A nossa expectativa é que haja um roteiro diferente desta vez", afirmou. Só neste ano, seis ministros já foram afastados do governo, cinco por escândalos políticos.
Após a reportagem da Veja, novas denúncias começaram a surgir. O jornal O Globo publica hoje que o Tribunal de Contas da União (TCU) considera "crítica" a forma como o Ministério do Trabalho analisa a prestação de contas de convénios.
Segundo o TCU, mais de 500 relatórios de prestação de contas estão nas gavetas do Ministério e metade deles corre o risco de ficar sem análise por mais de cinco anos. Por lei, o prazo para que os relatórios sejam analisados é de 90 dias.
No ano passado, uma auditoria da Controladoria Geral da União (CGU) já alertava para o risco de desvios de dinheiro público devido à falta de controlo e às falhas no processo de escolha dos parceiros nos projectos de qualificação profissional.
