A prisão de "Nem", barão do tráfico da favela da Rocinha, expõe a "fragilidade" dos traficantes, disse hoje o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame.
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Na noite de quarta-feira, a polícia prendeu o traficante Antônio Bonfim Lopes, conhecido como "Nem". Localizada na zona sul do Rio de Janeiro, a Rocinha é a maior favela do Brasil.
Em declarações por telefone ao jornal "Bom Dia Brasil", da TV Globo, Beltrame considerou que a actuação das autoridades foi uma "quebra do paradigma do império do território".
"Prender traficantes, apreender armas e drogas é fundamental, mas a estratégia que está sendo utilizada é exactamente a inversão do paradigma de território, é a quebra do muro imposto por armas", disse o responsável.
Segundo o secretário, na medida em que se anunciou que as autoridades quebrariam esse "muro", os traficantes começaram a demonstrar "fragilidade".
Beltrame refere-se, assim, às operações de invasão e controlo de favelas do Rio de Janeiro que estavam sob o comando do tráfico. A acção na Rocinha deve decorrer no próximo domingo.
"Nem" foi preso quando tentava fugir da favela. Ele estava na bagageira de um carro parado pela polícia - os serviços de inteligência já indicavam que o traficante mais procurado do Rio de Janeiro estaria no veículo.
O motorista do carro identificou-se como cônsul do Congo e, num primeiro momento, alegou imunidade diplomática para impedir que o veículo fosse revistado. A identidade dele ainda não foi confirmada.
Horas antes da prisão do barão do tráfico, a Polícia Federal deteve seu braço-direito, conhecido como Coelho, e outros quatro traficantes. Eles tentavam escapar com a ajuda de policiais, que também foram presos.
O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro lamentou o facto de os traficantes da Rocinha receberem escolta de polícias, mas considerou que não se pode generalizar.
"Isso é triste, lamentável. Mas é preciso lembrar que temos os policiais que prenderam o próprio Nem", disse.