“A Diplomata” alia realismo, bom humor e atualidade sob o signo de Keri Russell
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Ambientada nos meandros da política internacional, “A Diplomata” distingue-se de outras séries similares por diversos factores.Desde logo, por apresentar uma mulher, Keri Russel, como protagonista no papel de Kate Wyler, diplomata de carreira, (re)conhecida por algumas decisões pouco ortodoxas mas eficazes. Kate é casada com um outro diplomata muito influente, Hal Wyler (Rufus Sewell), mas o casamento está a atravessar uma fase complicada, sendo o divórcio uma forte possibilidade.
No arranque da série, ela está prestes a assumir um cargo no Médio Oriente, a sua área de eleição, quando se dá um acontecimento que ameaça provocar uma crise mundial: um navio de guerra britânico é atacado no Golfo Pérsico, supostamente por forças iranianas. Entra aqui outro dos factores de destaque, a exploração de temáticas atuais que contribuem para o frágil equilíbrio que separa a paz mundial de conflitos mais ou menos alargados e que, com o passar dos episódios, abordarão questões ainda mais recentes.
O terceiro fator de destaque, é o desvio da diplomata para o Reino Unido, o que permite aos criadores da série exporem, ainda que com um toque de humor, os complicados e pouco eficientes protocolos que rodeiam as relações entremembros de governos. Até porque a embaixadora Kate Wyler, defensora da eficácia em desfavor das cerimónias, parece ter prazer em quebrar todas as regras, para tentar evitar o conflito armado. Para além disso, tem de ultrapassar a sombra do marido, as necessidades eleitorais do primeiro-ministro britânico (Rory Kinnear), as intrigas de fundo e gerir sentimentos que começam a despertar, bem como o fato de ser apontada a um cargo de topo no seu país
Narrativa bem-disposta sem perder o tom realista necessário para ser levada a sério, gerida com um ritmo vivo que leva o espectador de surpresa em surpresa, “A Diplomata” tem garantida uma segunda série, sob a experiente Debora Cahn, envolvida em sucessos como “West Wing”, “Homeland” ou “Anatomia de Grey”. Mais uma série que questiona a idoneidade dos governantes ingleses.
”A diplomata”
Simon Cellan Jones
Netflix, 2023