Há 55 anos, uma insignificância tendo em conta a História da Humanidade, a Europa organizava um concurso para encontrar a Mulher Ideal Europeia.
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O "Diário Popular" escreveu sobre o primeiro concurso: "Numa iniciativa que constituiu um êxito e que se ficou a dever ao Clube das Donas de Casa, foi eleita, no decorrer de um jantar realizado no Restaurante Folclore, a Mulher Ideal Portuguesa. A feliz contemplada foi Magda Carol Rodrigues de Paralta Bastos Guimarães Abreu, de 25 anos, casada e mãe de uma filha". Concorrerá, em agosto desse ano 1966, na Itália, ao título de Mulher Ideal Europeia.
A mulher portuguesa tem "um papel muito importante a desempenhar, na sua família, na sua casa e no Mundo". Entre vários requisitos que a mulher teria de cumprir estava "o bem receber, não só dar boas comidas mas fazê-lo com graciosidade". Uma das perguntas recorrente era, "Onde estão os seus filhos?" Porque a mulher ideal tem filhos e era preciso perceber se estava satisfeita por estar sem eles.
Em 1971, Maria João Ataíde ganhou o título de Mulher Ideal Europeia e foi recebida por Américo Tomás. Não havia desfiles em fato de banho mas tinha de ter dedo para a cozinha e para a costura.
No site da RTP pode assistir a várias reportagens sobre este concurso.
Aos olhos da contemporaneidade, o certame parece estar diretamente relacionado com o filme "The Stepford Wives" (2004) de Frank Oz, inspirado no livro de Ira Lenvin. Tem Nicole Kidman como protagonista e conta a história de uma pequena cidade onde todas as mulheres são, de forma muito suspeita, donas de casa perfeitas.
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No mesmo ano nasceu "Donas de casa desesperadas", uma série de televisão americana de comédia dramática criada por Marc Cherry. Estas mulheres de Wisteria Lane já tinham diferentes personalidades, não sendo todas tão perfeitas como as antecessoras.
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A imagem da mulher ideal foi-se alterando. Se no século XIX apareciam mulheres muito taciturnas, nos anos de 1920 as representações já haviam adquirido alguma vida. Ainda assim, continuavam a ser comuns cenários femininos em lavores, como esta imagem de Delaware.
Na década de 50, na publicidade, as donas de casa aparecem sempre sorridentes e predispostas a cumprir todos os desejos dos maridos.
No final dos anos 70, com muita ironia, a artista alemã Birgit Jürgenssen retratou assim as donas de casa.
A sociedade está a mudar, mas até a igualdade de género ser real há um longo caminho a percorrer.