Estreia esta quinta-feira nos cinemas o enigmático “A noite do dia 12”, novo filme do cineasta alemão Dominik Moll.
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Na semana em que estreia o novo “Napoleão”, de Ridley Scott, com Joaquim Phoenix, que encontrará facilmente o seu público, chega às salas a última animação da Disney, “Wish: O poder dos desejos”, destinado ao sucesso, e a primeira longa-metragem de Telmo Churro, “Índia”, que muito provavelmente continuará o (inacreditável) divórcio entre os portugueses e o seu cinema, há um outro filme que interessa salientar, antes que caia no esquecimento.
Trata-se de “A noite do dia 12”, que ganhou seis Césars, os Oscars franceses, entre os quais os de melhor filme, realizador e argumento adaptado.
Para os cinéfilos mais iniciados, nem seriam necessárias tais distinções para se aperceber da importância deste filme, o regresso aos holofotes do alemão Dominik Moll, com uma carreira feita sobretudo em França, onde nos presenteara com obras tão únicas e pessoais como “Lemming” ou “Harry, um amigo ao seu dispor”.
Mas, há já mais de dez anos que um filme seu não chegava às nossas salas – foi “O Monge”, em 2012 – mas espera-se que a associação do seu nome a um universo muito próprio não seja esquecida.
Regressando também a Cannes, de onde se despedira há uma década, Moll assina com “A noite do dia 12” um policial onde, mais do que a vítima ou os suspeitos, o sujeito em análise é o próprio polícia. Tudo anda à volta da investigação de um crime horrendo cometido sobre uma jovem de Grenoble.
O filme inspira-se numa obra de não ficção, de onde o argumentista Dominik Moll e o seu colaborador Gilles Marchand partem para a construção de uma ficção sobre um dos muitos casos reais que o livro abordara. Para serem totalmente honestos, avisa-se desde logo que o caso nunca foi resolvido..…
No entanto, “A noite do dia 12” segue-se angustiantemente de princípio a fim. O que se deve ao talento de Dominik Moll para trabalhar o lado mais negro da mente humana, à forma como dirige os seus atores, menos conhecidos mas nem por isso menos adaptados às personagens que interpretam, ao sentido visual, puramente cinematográfico, que incute em todas as suas obras.