O programa de apoio sustentado da Direção-Geral das Artes (DGArtes) para 2018 já subiu duas vezes nos últimos dias - de 15 para 19,2 milhões de euros - mas os agentes artísticos consideram o valor insuficiente.
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"Queremos 25 milhões de euros, que é o valor referência de 2009 atualizado pela inflação", reivindicou Alfredo Campos, do Manifesto em defesa da Cultura, esta quinta-feira, num encontro com jornalistas à porta do Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra. Uma conferência de imprensa que antecedeu o protesto de amanhã, sexta-feira, previsto para as 18 horas, em Lisboa, Porto, Coimbra, Beja, Funchal e Ponta Delgada.
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Alfredo Campos entende que 25 milhões de euros "não é de todo adequado", sendo, antes, "o essencial". "Que se olhe de uma vez por todas para a Cultura como um serviço público", exige. Alfredo Campos quer ainda a revisão do modelo de concessão de apoios, assegurando ser "falso" que os agentes culturais tenham sido "ouvidos" na fase de preparação do atual e novo sistema.
O elemento do Manifesto em defesa da Cultura exigiu também 1% do Orçamento de Estado para o setor da Cultura, "como consta do programa do Governo", em vez dos atuais 0,2%.
A última reivindicação foi verbalizada por Filipa Malva, do Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos, que pediu o "fim da precariedade" de pessoas que "prestam um serviço público". Na sua opinião, a atribuição dos referidos 25 milhões de euros seria um passo para mitigar essa precariedade, evitando que, a cada ano, pessoas ligadas ao setor, ora vão para o desemprego, ora ficam a trabalhar. Poderia ainda, como referiu, contribuir para a reabertura de entidades culturais que se viram forçadas a fechar portas de 2009 para cá. "Queremos ser tratados com dignidade", resume.
A conferência de imprensa foi acompanhada por representantes de instituições da cidade que não mereceram apoio por parte da DGArtes, como O Teatrão, a Escola da Noite ou o Centro de Artes Visuais, mas também por outras que vão ser apoiadas e estão solidárias neste protesto, como a Marionet ou a Casa da Esquina. Participaram ainda pessoas que se identificaram como apenas fazendo parte do público das artes.
A Orquestra Clássica do Centro é outro dos organismos sediados em Coimbra que não foi apoiado.
O primeiro-ministro anunciou, esta quinta-feira, um novo reforço de 2,2 milhões de euros, este ano, no financiamento do programa de apoio às artes, atingindo agora 19,2 milhões de euros, valor que afirmou ultrapassar o referencial de 2009.