A manifestação organizada por várias estruturas associativas do setor da Cultura foi bastante participada em Coimbra. A chuva persistente que marcou o dia deu tréguas à hora do protesto, que, tal como noutras cidades do país, começou às 18 horas.
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Em Coimbra, mais de 200 pessoas concentraram-se junto à porta (fechada) da Direção Regional de Cultura do Centro. Muitas ligadas ao PCP e ao BE, em menor medida ao PSD e ao PS, e muitas outras apenas ao setor da Cultura. Ouviu-se alto e bom som, muitas vezes, "a banca é chupista, quem paga é o artista", entre muitos outros ditos pautados por um bombo e até o Hino da Maria Fonte cantado por vozes afinadas.
Os três aumentos do programa de apoio sustentado da Direção-Geral das Artes (DGArtes) para este ano - de 15 para 19,2 milhões de euros - ou a recente inclusão de mais 43 candidaturas a apoiar são considerados "vitórias", mas Alfredo Campos, do Manifesto em Defesa da Cultura, garantiu que, apesar delas, a "mobilização" e a "luta" vão continuar.
A líder do BE, Catarina Martins, também participou no protesto e afirmou que "o que aconteceu este ano é muito grave". Já o caso concreto de Coimbra classificou-o como "uma razia", uma vez que A Escola da Noite, O Teatrão e o Centro de Artes Visuais não foram apoiados numa fase prévia, passando a figurar na referida lista das 43 candidaturas.
Já a Orquestra Clássica do Centro continua de fora dos apoios, apesar do acrescento. "São 45 pessoas que lá trabalham", lamentou Catarina Martins que, quando questionada pelos jornalistas sobre se vai pedir a demissão do ministro da Cultura, declarou que "o prioritário é garantir o financiamento".
Em declarações ao JN, Pedro Rodrigues, produtor de A Escola da Noite, deu conta da "ansiedade" que se vive na sua companhia, apesar de ter entrado no grupo dos 43. "Não sabemos se vamos ter financiamento nem quanto", sintetizou.
Por seu turno, Pedro Lamas, do Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos (CENA-STE), sintetizou, com voz inflamada, o que reivindicam neste protesto: "25 milhões de euros [anuais] como mínimo exigível para o Apoio às Artes; combate à precariedade na atividade artística e estabilidade no setor; definição de outra política cultural, revendo-se o Modelo de Apoio às Artes como um dos pilares do Serviço Público de Cultura; e compromisso com o patamar mínimo de 1% do Orçamento de Estado para a Cultura, já em 2019."