Os Sleaford Mods foram uma aposta arriscada que acabou por não ter o efeito desejado. O conceito é interessante: uma batida drum & bass com as vocalizações punk de Jason Williamson.
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O problema é que o palco principal tornou-se grande demais para o duo. E, verdade seja dita, o início da noite não foi o melhor momento para colocar em cena um concerto em que 50% da banda (Andrew Feam) se limita a carregar num botão no início da música para depois enfiar uma mão no bolso e segurar uma cerveja com a outra.
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As diatribes e irritações de Williamson são a principal inspiração para os seus monólogos que saem de rajada como os tiros de uma metralhadora. Mas, após 30 minutos, as verborreias de microfone aberto começam a tornar-se cansativas e as batidas soam cada vez mais ao mesmo.
Uma das poucas exceções foi Jobseeker que com o seu baixo cativante conseguiu que a plateia de Coura levantasse pó. Foi pena que só parte da plateia de Coura tenha entrado no espírito porque o duo de Nottingham até tem piada e certamente que, às duas ou três da manhã, no palco secundário e com mentes mais ébrias, faria muito mais sucesso.
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Quem beneficiou do tiro ao lado dos Sleaford Mods foram os Algiers que, pouco depois, no palco secundário, agarraram com toda a força e cativaram os desiludidos. A banda da Georgia, EUA, apresenta um pós-rock psicadélico mas com fortes influências soul e até gospel.
A combinação altamente improvável resulta e de que maneira, com as duas camadas a fundirem-se harmoniosamente numa mescla de distorção, palminhas e coros que conquistou tanto os que estavam em frente ao palco como os milhares que se concentravam mais longe na praceta.