A Associação Comercial do Porto apresentou a sua demissão da direção da Associação Amigos do Coliseu por não se rever na forma como o processo sobre o futuro daquela estrutura está a ser conduzido, "desconsiderando" a própria direção.
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Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), Nuno Botelho, afirmou hoje que o comportamento dos parceiros institucionais "não dignifica" a história da Associação Amigos do Coliseu, defendendo que a discussão sobre o futuro daquele equipamento devia ter sido feita em assembleia-geral dos associados do Coliseu.
Câmara do Porto, Área Metropolitana do Porto (AMP) e Ministério da Cultura, parceiros institucionais do Coliseu do Porto, vão propor na assembleia-geral da Associação Amigos do Coliseu, no dia 13 de março, a concessão a privados daquela sala de espetáculos, modelo que foi, entretanto, validado pelo Conselho Municipal de Cultura do Porto.
Em alternativa, os associados poderão propor ao Governo e à AMP para acompanharem a disponibilidade financeira do município do Porto, com vista a uma solução de investimento direto para as obras necessárias, assumindo a autarquia 30% do valor. Esta disponibilidade foi, contudo, rejeitada pela AMP na sexta-feira.
Em declarações à Lusa, o presidente da ACP recordou hoje, no entanto, que a associação a que preside mostrou disponibilidade para ir além do valor que lhe competia para que as obras do Coliseu avançassem sem necessidade de concessionar o espaço e a mesma disponibilidade terá sido manifestada pela AGEAS, com quem o Coliseu tem atualmente um contrato de mecenato.
Nuno Botelho considerou ainda "lamentável" que os órgãos sociais da Associação Amigos do Coliseu tenham sabido da sua substituição pelo 'site' do município do Porto.
O pedido de demissão da ACP foi comunicado ao presidente da direção dos Amigos do Coliseu, Paz Barroso, numa carta enviada na quarta-feira.
Na missiva, Nuno Botelho explica que, tal como o representante da ACP fez saber em sede própria, "por princípio" a associação "não repudia soluções que fomentem a iniciativa privada", como a que foi anunciada pelos associados institucionais - Câmara do Porto, AMP e Ministério da Cultura.
Contudo, considera que a proposta de concessão a privados do Coliseu do Porto "necessitava, como necessita, de ser densificada e concretizada, entre o mais, tendo em conta as questões de gestão corrente da associação, os seus colaboradores e o futuro da associação".
"Não nos revemos, nem podemos aceitar a forma como esta processo se encontra a ser conduzido, desconsiderando a Direção da Associação, especialmente quando os associados institucionais têm assento permanente na Direção", refere a ACP na carta.
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Nuno Botelho diz-se ainda solidário com o presidente da direção do Amigos do Coliseu, Eduardo Paz Barroso, que soube da sua substituição pela comunicação social.
"Não nos revemos também, e não podemos aceitar, que o presidente da direção [do Coliseu] saiba pela comunicação social da sua substituição, sem qualquer outra notícia ou comunicação quanto à gestão corrente da Associação", sublinha Botelho.
O presidente da Associação dos Amigos do Coliseu do Porto apresentou a sua demissão na segunda-feira, alegando razões de "dignidade e confiança" para renunciar ao cargo que ocupa desde 2014 e quer abandonar em abril, após ter sabido da sua substituição pela comunicação social.