É sexta-feira 13, o dia mais amaldiçoado do calendário. Supostamente, hoje tudo pode correr mal. Mas já pouca gente acredita mesmo nisto.
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Prova é que, por cá, o misticismo há muito que se transformou em atração turística, com é o exemplo da "Noite das Bruxas" que anima Montalegre e atrais milhares de pessoas a Trás-os-Montes.
Num ano civil existem, em média, entre uma e três sextas-feiras 13. Este ano há duas - a outra será em julho.
Estes dias estão envoltos em mistérios, azares e receios. Por exemplo, quando se levantou, lembrou-se de colocar primeiro o pé direito no chão? Em dias normais, talvez este detalhe da rotina não seja importante, mas hoje não é um dia como qualquer outro. Ou será? É que sempre que o calendário se dá ao capricho de fazer cair o dia 13 numa sexta-feira, está o caldo entornado.
Há quem tenha em conta rituais que não lembram nem ao diabo. Levante a mão quem nunca bateu na madeira, evitou abrir um guarda-chuva dentro de casa, fez por não passar por baixo de escadotes ou fez figas para não se cruzar com um gato preto.
Existem algumas versões que justificam a má fama da data, e uma delas está ligada ao cristianismo. Eram treze os presentes na Última Ceia, sendo Judas o traidor. A tradição cristã também assume que Jesus Cristo foi crucificado à sexta-feira.
Má fama lá atrás na História
Há também versões que garantem que a má fama das sextas-feiras e do número 13 terá ganho contornos verdadeiramente trágicos a partir do dia 13 de outubro de 1307, data em que o rei francês Felipe IV, em consonância com o Papa Clemente V, iniciou uma brutal perseguição contra a Ordem dos Templários. Os elementos da Ordem foram acusados dos mais diversos crimes, entre os quais de heresia, de sodomia e até de praticarem atos homossexuais. Jacobo de Molay, o último mestre do Templo, terá então lançado uma maldição sobre quem o havia torturado. Outros teorizam que a má fama da sexta 13 antecede o cristianismo e tem origens nórdicas.
O deus Odin organizou um banquete para o qual convidou outras 12 divindades. Loki, deus da discórdia e do fogo, que não fora convidado, apareceu no local gerando uma onda de protestos que culminou na morte de um dos convidados. Por isso, diz a superstição, um encontro com 13 pessoas é sempre de evitar. Uma segunda hipótese, igualmente nórdica, relaciona o azar com a deusa da fertilidade Frigga, mulher de Odin. Segundo a lenda, ela, outras onze bruxas e o demónio, todas as sextas-feiras saíam às ruas rogando pragas contra a Humanidade.
Hoje à noite nem a chuva vai dar azar
Desmitificar crendices e abrir mentalidades é o objetivo do padre António Fontes, um dos rostos mais visíveis da já tradicional "Noite das Bruxas", que se realiza hoje em Montalegre. De resto, como enfatiza, "não há bruxas, nem demónios, espíritos malignos, pragas ou poderes maléficos". E o único azar de hoje pode mesmo ser o da chuva. Mas, precavido, o padre Fontes adiantou ao JN ter já gravado previamente o ritual do esconjuro.