Festival multicultural Terra Mágica vai decorrer em Beja, entre dois e quatro de junho, e une vários géneros musicais, do fado ao flamenco.
Corpo do artigo
O fadista português Ricardo Ribeiro e o músico espanhol Duquende, nome grande do flamenco, vão abrir a primeira edição do Festival Terra Mágica - Al-Mutamid, O Primeiro Alentejano.
Promovido pela ALD Produções, Zález Artist Collect, Turismo do Alentejo e Ribatejo e Câmara Municipal de Beja, o festival pretende "aprofundar e transformar" os patrimónios, do fado ao cante alentejano, do gnaoua (um dos principais géneros do folclore de Marrocos) ao flamenco, "numa viagem mágica" de Beja a Zafra, de Sevilha a Agmat.
O festival é inspirado na figura de Al-Mutamid (1040-1095), o rei poeta, nascido em Beja, governador de Silves e último dos reis abádidas que governaram a taifa de Sevilha, feito prisioneiro e desterrado para a cidade marroquina de Agmat, onde desenvolveu boa parte da sua criação poética e onde viria a falecer.
Vítor Silva, presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo, refere que a expectativa é que se trate de um "evento de grande qualidade artística, mas sempre com a perspetiva de ligação entre culturas". Daí a aposta no cante alentejano, no fado, na música tradicional marroquina e no flamenco, na sua dupla vertente (cantada e dançada).
O presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo acrescenta que o objetivo é passar "uma mensagem de multiculturalidade, de estabelecer pontes entre religiões e entre culturas diferentes".
A organização do evento afirma que o propósito é tornar Beja um "centro permanente de inclusão e convivência artística, que se traduz na criação e produção próprias", projetando-as depois "para o resto do mundo".
No espetáculo "Tanta Monta, Monta Tanto", produzido em residência artística e que terá estreia mundial no Teatro Pax Julia, vão-se cruzar "o talento de Ricardo Ribeiro e a autêntica "gitanería" de Duquende, dois mestres dos seus géneros, que se abraçam para maior glória, encontrando-se nas diferenças e investigando as afinidades", refere Faustino Nuñez, o diretor musical deste espetáculo.
Reconhecendo que pode ser polémica a denominação de Al-Mutamid como "primeiro alentejano", numa altura em que nem sequer existia delimitação geográfica da região, Vítor Silva explica que "pela maneira como ele pensava, como agia e como estava na vida, de certeza que foi o primeiro alentejano".
Francisco Carvajal, diretor artístico do festival, afirma que um dos propósitos da iniciativa é unir culturas. "Queremos reinventar aqueles patrimónios ibéricos maravilhosos, como o fado, o flamenco e o cante alentejano. Misturar-nos com esses árabes que eram alentejanos e andaluzes. Procuramos uma mudança de paradigma. Vamos mostrar ao mundo inteiro o que foi produzido em Beja, num projeto inovador, novo, que irá viajar pelos caminhos de Al-Mutamid", explica.