Filmes de "perseverança e resistência às adversidades" no último módulo online. Edição de 2020 terminará com sessões com público em maio e julho.
Corpo do artigo
Com a reabertura das salas de cinema a 19 de abril, a edição de 2020 do DocLisboa inicia hoje o seu derradeiro módulo exclusivamente online, com sete sessões sob o título genérico Eu Vim de Longe, em homenagem à canção de José Mário Branco.
Já com presença de público, o festival retomará a programação na Culturgest em maio, com a estreia mundial de "Visões do império" de Joana Pontes, a cópia restaurada de "Grand Opera: An historical romance" de James Benning, ou "Mata-Ratos ao vivo na Academia de Linda-a-Velha", o filme-concerto de Patrick Mendes.
Em maio terá ainda lugar, no Cinema Ideal, a mostra Origens - Práticas e Tradições no Cinema, em colaboração com a Fundação Inatel, enquanto o ciclo O Cinema para uma Luta Anti-racista, programado pela SOS Racismo, decorrerá já em julho, no Padrão dos Descobrimentos.
Para já, de hoje até dia 31, pode-se ver online sete excelentes programas, com uma seleção de filmes que, segundo a organização do festival, "se inscrevem na perseverança e resistência às adversidades que os atravessam". As sessões, que estão disponíveis para visionamento a qualquer momento durante todo este período, têm um custo unitário de 2,50 euros, podendo ser ainda adquirido um passe semanal que garante acesso a todos os filmes e aos debates previstos com os realizadores, por 14 euros. Cada sessão tem 300 bilhetes disponíveis.
Por este rio acima
O primeiro programa inclui os filmes "Letter from a filmmaker to his daughter" do belga Eric Pauwels, e a estreia mundial de "Tempos de deseo", do espanhol Rafael Marques, que acompanha a gravidez de uma amiga num mundo em que ter um filho é uma escolha.
Segue-se um programa composto por quatro curtas-metragens: "A revolt without images", da espanhola Pilar Monsell, "A maior massa de granito do Mundo", do brasileiro Luis Felipe Labaki, "Untitled sequence of gaps", da artista visual berlinense Vika Kirchenbauer, e "Playback, ensayo de una despedida", da argentina Agustina Comedi.
O épico de mais de quatro horas "Luz nos trópicos", da brasileira Paula Gaitán, protagonizado pelo português Carloto Cotta, ocupa integralmente o terceiro módulo. O filme acompanha um jovem de origem indígena em viagem rio acima através da selva e um grupo de colonos europeus fazendo a mesma viagem, mas com uma distância temporal de 150 anos entre eles.
Nome maior do documentarismo americano, Frederick Wiseman apresenta no quarto programa o seu novo trabalho, "City Hall", sobre a gestão municipal de Boston, um filme que os "Cahiers du Cinéma" consideraram o melhor de 2020.
"Everything may go awry", sobre André S. Labarthe, o criador da série "Cineastas do nosso tempo", e "Jean-François Stévenin - Simple Men", sobre o ator e realizador francês homónimo, integram mais um programa do DocLisboa, que inclui ainda duas longas-metragens. O sexto programa é composto por "With love - Volume one 1987-1996", uma carta de amor em forma de filme para todos os que passaram durante esse período à frente das câmaras do austríaco Michael Pilz. No último módulo pode ser visto o argentino "Adiós a la memoria", um ensaio de Nicolás Prividera sobre a perda de memória do pai, que padece da doença de Alzheimer.