Autor de BD, foi o criador de Rififi. Apesar de ter ocorrido dia 11, só hoje foi divulgada a morte de Guy Mouminoux, curiosamente no dia em que completaria 95 anos.
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Parisiense de nascimento, ao longo de uma extensa carreira em que foi desenhador, argumentista e autor completo, para além do seu nome próprio, utilizou como pseudónimos Dimitri ou Guy Sajer.
Foi com este último, criado com o nome de solteira da sua mãe, de origem alemã, que aos 16 anos se alistou na Wermacht durante a II Guerra Mundial, tendo sido enviado para a frente leste. Este facto permaneceu ignorado por todos até 1967, quando publicou "Le Soldat oublié", baseado na sua própria experiência. Este livro, em que descreve a amizade com os seus camaradas, a passagem às SS, os últimos combates face ao avanço do exército russo e a rendição final, com consequente regresso a França, foi traduzido em 30 línguas, valeu-lhe o prémio literário francês Deux Magots e marcou uma viragem na sua carreira.
Antes disso, a partir de finais de 1946, ainda como Mouminoux, tinha espalhado o seu desenho arredondado, traçado a pincel cheio, por inúmeras publicações, entre as quais se contam a "Coeurs Vaillants" (com "Le Chavalier au Blason d"Argent"), "Spirou" (ao lado de Jijé, em três episódios de Jean Valhardi, e com Jean-Michel Charlier em "Belles Histoires de l"Oncle Paul") e "Pilote". Trabalhou igualmente para a editora britânica Fleetway, à época fornecedora de histórias de guerra para as revistas de pequeno formato, que então existiam um pouco por toda a Europa, tendo sido um dos desenhadores de "Battler Briton", que em Portugal ficou conhecido por "Major Alvega".
Após a revelação daquele episódio autobiográfico, foi forçado a abandonar as publicações infanto-juvenis para que desenhava. Adotou então o pseudónimo de Dimitri, tendo colaborado com as revistas "Charlie Mensuel", "Charlie Hebdo" e "L"Écho des Savanes", onde nasceria "Le Goulag", uma versão satírica da sua experiência na guerra.
A partir de 1981, criou Rififi, na revista "Tintin", série que foi pontualmente publicada no nosso país. Narra as desventuras de um pequeno pardal de cor amarelada e com um chapéu azul, que ama a poesia e vive num bosque, num chinelo velho, convivendo com os outros animais.
Em Portugal foi também publicado "Os Malucos no Supermercado" (edição da Família 2000, em 1977), uma adaptação aos quadradinhos de "Les Charlots", um grupo de músicos, cantores, comediantes e atores de cinema, que fez sucesso em França nas décadas de 1960 a 1980.
Desenhador multifacetado, tão capaz de utilizar um traço realista como um traço mais caricatural, e de trabalhar ao mesmo tempo em obras com estilos diferentes, Guy Mouminoux, após uma carreira sem nenhum grande sucesso, para além de "Le Soldat oublié", mas com dezenas de obras publicadas, devido à idade já abandonara a banda desenhada há alguns anos.