Era irmão do desenhador de Astérix, falecido há menos de um ano
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Nascido a 23 de dezembro de 1933, em Clichy-sous-Bois, em França, o desenhador Marcel Uderzo faleceu hoje, aos 87 anos de idade. Era um dos irmãos mais novos de Albert Uderzo, co-criador de Astérix, falecido a 24 de março último.
Pertencente a uma família de emigrantes italianos, deveria suceder ao seu pai no negócio familiar de restauração de instrumentos de cordas, mas uma desavença com o progenitor, fez com que se tornasse assistente do irmão, passando a tinta e colorindo as suas pranchas, primeiro na série "Tanguy et Laverdure", e depois em alguns álbuns de "Astérix". O último em que colaborou foi "Astérix entre os belgas", sendo de sua autoria a paródia ao quadro de Bruegel, o Velho, que surge nas páginas finais. Segundo a lenda, foi nele que Albert Uderzo se inspirou para desenhar o druida Panoramix.
Na década de 1970, Marcel Uderzo foi responsável pelo desenho de diverso material publicitário e de produtos derivados de Astérix, para as edições Dargaud. Foi nesse período que adaptou em BD o filme de animação "Os doze trabalhos de Astérix" (1976), para o jornal "Sud Ouest". Como a obra não teve qualquer intervenção do desenhador oficial da série, nunca foi integrada na cronologia principal, mas chegou a ser traduzida em vários países, incluindo Portugal, onde surgiu nas páginas da revista "Flecha 2000".
Em 1979, quando Albert Uderzo criou o seu estúdio, após a morte de Goscinny, os dois irmãos desentenderam-se e Marcel decidiu investir numa carreira a solo.
Entre 1981 e 1986 desenhou os três volumes da série "As Memórias de Matias", a partir de um argumento de Moloch, pseudónimo do escritor Michel Clatigny, o primeiro dos quais, "O tambor mágico", foi editado em português pelas Publicações Dom Quixote. Entre o humor e a aventura, num estilo semi-caricatural, são ambientados no século XVIII e têm por protagonista um caçador franco-canadiano.
Da sua bibliografia constam algumas dezenas de álbuns, a maioria dos quais em estilo realista sobre temas históricos, de aviação ou desporto. Levou a cabo igualmente algumas adaptações de romances famosos, entre os quais "O último dos Moicanos" (2010), de James Fenimore Cooper, que integrará a colecção "Clássicos da Literatura em BD", que está a ser publicada entre nós numa parceria entre a Levoir e a RTP.
"Nationale 7, de Paris à Menton!", uma viagem por uma estrada histórica tornada famosa pela canção "Nationale 7", de Charles Trenet, foi o seu último trabalho, tendo participado no quarto tomo, lançado em Outubro do ano passado.