O mais antigo festival teatral português regressa em maio com 24 espetáculos e uma nova plataforma de streaming
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A 44ª edição do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI) arranca no feriado do primeiro de maio - e, pela primeira vez, escolhe o Teatro Sá de Miranda, em Viana do Castelo, para esse arranque. A outra novidade geográfica é Viseu e o seu o Teatro Viriato, que passa a integrar roteiro performativo do festival, juntando-se à cidades do Porto, de Gaia e de Matosinhos.
Será "um FITEI de estreias", anunciou, esta terça-feira, Gonçalo Amorim, diretor artístico do certame, garantindo que a programação será integralmente cumprida, independentemente de os teatros poderem fechar após a reabertura agendada para dia 19 deste mês. Recorde-se que em 2020 ficou tudo suspenso, tendo restado apenas a realização de "O meu primeiro FITEI", então apresentado no Teatro Helena Sá e Costa, no Porto.
Desta vez, serão apresentados 24 espetáculos em 16 dias - 14 ao vivo e 10 online, sete estreias absolutas [ver ficha] e sete estreias nacionais -, numa edição que ficará marcada, também, pelo lançamento da plataforma de streaming FITEI Digital.
"Seremos os pioneiros, lançando a primeira plataforma digital de teatro portuguesa", sublinhou Gonçalo Amorim, em conferência de imprensa. Nessa nova plataforma será possível visionar os espetáculos mas também aceder a outros conteúdos do festival e dos artistas.
A temática original de edição que não aconteceu, e que se debruçava sobre quatro pilares - sustentabilidade, saúde mental, crise das democracias e sexologia política - foi preservada.
Democracias em crise
A sustentabilidade vai, aliás, dar o tiro de partida na plataforma digital, com o espetáculo "Estado Vegetal", da dramaturga chilena Manuela Infante, que reflete sobre as formas de habitar o planeta. O tema voltará a surgir em "Selva Coragem", do Teatro do Frio, e em "Luto", da Circolando.
A crise das democracias será abordada em"Amarillo" [foto], da companhia mexicana Línea de Sombra, que alude às situações vividas na fronteira entre o México e os Estados Unidos, mas também em "Um museu vivo de pequenas memórias e esquecidas", de Joana Craveiro, que revisitar o PREC e o Estado Novo, e ainda em "Democracy as been detected", de Diogo Freitas e Filipe Gouveia.
Na reflexão sobre a saúde mental, será apresentado "Artaud", do argentino Sergio Boris, construído a partir das cartas endereçadas pelo poeta e dramaturgo Antonin Artaud ao seu psiquiatra, bem como "O Dia da matança na história de Hamlet", de Koltés, numa encenação de António Júlio para o Teatro Experimental do Porto, "O gatilho da felicidade" de Ana Borralho e João Galante, e "Maratona de Manifestos", uma releitura de manifestos pós-2000 de Isabel Costa.
No âmbito da sexologia política será apresentado "Qué locura enamorarme yo de tí", da escritora e jornalista peruana Gabriela Wiener, que narra a sua relação poliamorosa e o nascimento do seu filho. É o espetáculo que declara aberta a edição do FITEI de 2021.
Serão ainda apresentados dois espetáculos brasileiros: "Manifesto transpofágico", de Renata Carvalho, e "Stabat Matter", de Janaína Leite. A encerrar, "Santa Inés" da companhia galega Feroz, sobre os conventos em Santiago de Compostela.
ESTREIAS
Teatro de Ferro
e Teatro Marionetas
do Porto
Maiakovski - O Regresso do Futuro
(dia 7, Rivoli)
Uma máquina do tempo tenta ressuscitar o poeta Maiakovski numa linha temporal alternativa.
Paulo Mota
Um jogo bastante perigoso
(dia 10, Bonjoia)
O presente é uma louca corrida sobre o vazio sem nos apercebermos.
Joana de Verona
e Eduardo Breda
Mappa Mundi
(dia 12, Mala Voadora)
Dois seres despertam e descobrem um espaço contaminado por tempos passados e futuro.
A Turma
Estrada de Terra
(dia 14, Gaia)
Uma chamada reúne dois amigos que talvez nunca se devessem reunir.
Raquel S.
Amor. demónio
(dia 13, Campo Alegre)
Mulheres históricas e as suas linhas de fuga na vida.
Hotel Europa
Perfect Match
(dia 14, Armazém 22)
As relações amorosas nas migrações do séc. XX.