Em dezembro de 2008, o PortoCartoon lançava ao mar 30 garrafas. No interior, estavam pequenos papéis, cada um com um artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A primeira garrafa foi encontrada no passado dia 27, em Mira, Coimbra.
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Jorge Soares passeava pela praia quando, no meio do entulho que deu à costa, reparou numa garrafa que, por se encontrar fechada, lhe chamou a atenção. Curioso, o homem de 51 anos, natural de São João da Madeira, apercebeu-se que essa garrafa tinha "qualquer coisa dentro". Abriu.
No interior, estava um papel com informações relativas à edição de 2008 do PortoCartoon, acompanhadas por alguns desenhos. No verso da folha, encontravam-se os artigos 19º, 20º e 21º da Declaração Universal dos Direitos do Homem: liberdade de expressão, de associação e de voto, respetivamente.
"Dizia que tinha um prémio surpresa, mas aquilo como parecia um folheto nem pensei que fosse verdade", disse Jorge à Lusa, confessando ter deixado a garrafa e a mensagem no mesmo local onde a encontrou e onde, mais tarde, regressou por achar que a mensagem deveria, de facto, "ter algum fundamento".
Posteriormente, uma pesquisa na Internet levou à descoberta da história da misteriosa garrafa que, afinal, havia sido lançada a 8 milhas da costa, a 11 de dezembro de 2008, pela Marinha Portuguesa, em conjunto com outras 29, com mensagem sobre os Direitos do Homem, tema do PortoCartoon desse ano.
Jorge contactou o Museu Nacional da Imprensa (MNI), entidade promotora do PortoCartoon 2008, e encontra-se, agora, à espera de receber o prémio surpresa que lhe será atribuído, em setembro.
Ao saber da notícia, Luís Humberto Marcos, diretor do MNI, reagiu com "surpresa". "Já tínhamos posto de parte a possibilidade de encontrar alguma das garrafas lançadas ao mar", disse, aproveitando para reforçar "a importância da universalidade" da linguagem do cartoon para relembrar a Declaração Universal dos Diretos Humanos.
"Evocar e falar dos direitos humanos é necessário porque parece tão rotineiro que às vezes se esquece a sua substância", defende.
À distância de cerca de três semanas desde a descoberta, Jorge Soares afirma ter achado a iniciativa "engraçada". "O problema é que as praias são todas uma imundice e se as garrafas acabarem em alguma praia podem muito bem estar no meio do entulho", disse o responsável pela descoberta da primeira garrafa do PortoCartoon.