São três dias, quatro palcos, 51 bandas (ou 50: Freddie Gibbs, o rapper, foi preso e já não deve sair a tempo de atuar no Porto). O JN apresenta-lhe o guia de todos os artistas e diz-lhe quais são os números a não perder.
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QUINTA-FEIRA
Sensible Soccers, Portugal, Post-Rock Progressivo. Disco: "Villa Soledade" (2016).
Palco Super Bock, 17 horas
Na primeira aventura sem o baixista Emanuel Botelho, os Sensible Soccers apresentam-se em trio com o seu novo "Villa Soledade", uma proposta mais madura e próxima daquilo que é o objetivo do conjunto: uma experiência cada vez mais sensorial, intimista e um tanto exótica. A mescla de estilos continua a não esconder a admiração pela pop. DM
US Girls, EUA/Canadá, indie rock, noise pop. Disco: "Half free" (2015)
Palco Nos, 17.55 horas
Meghan Remy poderia ser uma personagem de David Lynch, tal é a familiaridade e estranheza da sua música, inquietante e sintetizada, a querer raspar por debaixo do verniz da normalidade. Subversora, é primordialmente música pop, escalada, que lateja, cheia de ganchos que nos movem física e espiritualmente. Canção que mais queremos ouvir: os 7 assombrosos minutos de "Woman"s work". JMG
Wild Nothing, EUA, Indie Rock, dream Pop. Disco: "Life of Pause" (2016).
Palco Super Rock, 18.50 horas
"Life of pause" é, dos três albuns da banda norteamericana, aquele que mais se aproxima do dream pop. Jack Tatum deixa-se levar pelo seu amor à soul e ao disco, o que lhe valeu alguma crítica negativa. Assumem que já vão longe os concertos explosivos e a ênfase nas letras. É tempo de sonoridades belas. DM
Deerhunter, EUA, post-punk, psych-pop. Novo disco: "Fading frontier" (2015)
Palco Nos, 20 horas
Pelo menos recentemente, o vocalista e "master mind" da banda Bradford Cox já não se apresenta em palco de vestido de Verão ou com as mãos e a cara a pingar sangue falso, mas é isso que ele entende por "performance" - ou então é só porque "ir para o palco de jeans e camisa parece-me anti-climático". Repetente por cá (Coura, 2011), o quarteto traz disco novo editado na 4AD, algures entre Real Estate, Buffalo Springfield e folk feita por expressionistas do Cavaleiro Azul. JMG
Julia Holter, EUA, Art Pop, pop experimental. Disco: "Have you in my wilderness" (2015).
Palco Super Bock, 21.10 horas
A californiana chega ao Porto no melhor momento da carreira para apresentar um espetáculo maduro do já consolidado novo álbum, que lhe valeu lugares cimeiros nos tops norteamericanos pela primeira vez na carreira. No álbum, o lirismo pop é levado ao extremo com uma voz íntima e rasgos de free jazz. É uma ode à beleza musical. DM
Sigur Rós, Islândia, post-rock, dream pop. Disco: "Kveikur" (2013).
Palco Nos, 22.20 horas
Há mais de década e meia que encantam o mundo indie com aquela massa sonora que os próprios já descreveram como sendo "uma avalanche em câmara lenta". Embaixadores da música mais interessante que nos chega da Islândia, os Sigur Rós aproveitam este regresso para uma retrospectiva das suas peças mais celebradas e é praticamente certo que apresentem música nova. CP
Parquet Courts, EUA, art punk, post-punk revival, Novo disco: "Human performance" (2016).
Palco Super Bock, 0.00 horas
Andrew Savage terá a difícil tarefa de nos tirar do paraíso flutuante fechado dos Sigur Rós e não vai ser com delicadezas. Poderá estar aqui o número politico da noite, com ida às entranhas do quotidiano colectivo e da performance dos humanos numa Nova Iorque noir em decomposição digital. Discordantes e denunciantes, os Parquet Courts são no entanto espirituosos na sua colorida selvajaria punk. JMG
DJ FRA, Espanha, Club, minimal techno. Disco: Sem publicações a solo.
Palco Super Rock, 1 hora
O DJ residente do Nitsa, em Barcelona, promete transformar o palco Super Bock numa vasta pista de dança. A cena eletrónica espanhola passa por ele há mais de 10 anos, com presenças consecutivas no top 10 dos melhores DJ daquele país, com o auge atingido em 2006, ano em que chegou a número 1. DM
Animal Collective, EUA, Pop experimental psicadélico. Disco: "Painting with" (2016)
Palco Nos, 01.10 horas
Há poucos meses lançaram "Painting with", o décimo capítulo de alguma da pop mais revigorante e inovadora que se tem feito pelo planeta e que contou com a colaboração do muy respeitável John Cale. Os americanos são uma espécie de Beach Boys cuspidos no futuro e é de crer que o concerto no Porto seja uma celebração caleidoscópica para balançar corpos e iluminar sentidos. CP
Red Axes, Israel, Garage eletrónico. Disco: "Shem Volume 1".
Palco Super Rock, 2 horas
Os Red Axes são caraterizados pelo garage eletrónico que resulta da combinação de influências com máquinas e psicadelismo. O duo, composto pelos DJ e produtores Dori Sadovnik e Niv Arzi, começou a tocar enquanto a,bos ainda estavam no grupo de post-punk Red Cotton. Depois de viverem em Amesterdão e viajarem por toda a Europa, regressaram a Israel onde se focaram em vários projetos que deram origem ao grupo que vai tocar no Primavera. IN
John Talabot & Friends, Espanha, House, eletrónica. Disco. "ƒIN" (2012)
Palco Super Bock, 04.15 horas
Conhecido pelo tema Sunshine (2010), John Talabot deixou de ser o DJ sem rosto pelo qual quis ser falado. Contudo, o número de amantes desta nova vaga de house é cada vez maior e o espanhol preenche um espaço que agrada aos aparentemente divergentes públicos da eletrónica e do indie. DM
SEXTA-FEIRA
White Haus, Portugal, Leftfield Disco. Álbum: "White Haus EP" (2013)
Palco Super Rock, 17 horas
O projeto a solo de João Vieira (DJ Kitten/ vocalista dos X-Wife) tem por base a eletrónica e foi feito para dançar, mas não é só isso. A música de White Haus mistura influências dos 18 anos de experiências nacionais e internacionais de João Vieira. Consegue ritmos graves e é cantada de forma sugestiva sem nunca deixar o público desligar-se dos efeitos digitais que compõem a viagem musical. DM
Cass McCombs, EUA, Folk Rock. Disco: "Mangy Love" (2016)
Palco Nos, 17.55 horas
O folk americano tem em Cass McCombs um dos seus principais rostos, mas é a mistura de rock psicadélico, funk e country alternativo que catapultou o já experiente músico de 39 anos para a ribalta. A poesia debitada de forma rápida, quase hip-hop, fazem deste icónico som um dos mais versáteis do Primavera Sound. DM
Destroyer, Canadá, Indie rock. Disco: "Poison season" (2015)
Palco Super Bock, 18.50 horas
Com quase 30 anos de carreira, o conjunto liderado por Dan Bejar continua a distinguir-se pela sua voz idiossincrática que debita poesia abstrata com "Poison season" como som de fundo. O último trabalho dos canadianos é épico na caracterização do romantismo dos clássicos dos anos setenta, como Bowie, Springsteen ou Lou Reed. DM
Beak, Inglaterra, Krautrock, Último disco: ">>" (2012)
Palco Ponto, 19 horas
Beak (literalmente: bico) é a formação paralela de Geoff Barrow dos Portishead para uma releitura do krautrock. Sinónimo de uma certa precisão rítmica e de propulsão permanente, a música dos Beak mergulha num caldeirão de ascendências que contém: música concreta e funk, electro e pós-punk, stoner rock, gore italiano e raízes psicadélicas do cabelo de Syd Barrett. Não será a banda mais estranha que vamos ouvir no Primavera - essa é seguramente Holly Herndon. JMG
Brian Wilson toca "Pet Sounds", EUA, Pop psicadélica progressiva. Disco: "Pet sounds" (1966)
Palco Nos, 20 horas
Lançado em 1966, "Pet Sounds", dos Beach Boys, é frequentemente apontado como o melhor disco da história da pop. O seu estratega, Brian Wilson, 73 anos, vem ao Porto apresentá-lo na íntegra e não sairá do palco sem um bónus recheado de clássicos dos Beach Boys. É um dos concertos mais esperados de todo o festival e é, muito provavelmente, a última oportunidade para ver Brian Wilson num palco nacional. CP
Dinosaur Jr, EUA, Indie rock. Disco: "I bet on sky" (2012)
Palco Ponto, 20.20 horas
São uma das mais emblemáticas bandas do indie rock norte-americano e há 30 anos que têm andado a criar um culto à sua volta. O regresso ao Primavera Sound (estiveram cá em 2013) tem um pequeno condicionamento: os Dinosaur Jr tocam praticamente em simultâneo com Brian Wilson (começam 20 minutos depois). Será a escolha mais acertada para quem procura vendaval eléctrico. CP
Empress Of, EUA, synth-pop, alt-R&B. Disco: "Me" (2015)
Palco Pitchfork, 21.10 horas
A nova música de Lorely Rodriguez, a hondurenha por trás de Empress Of (Imperatriz de, ou ela é um vate ou é ironia) perturba, é um arco confessional inteiro sobre o círculo de uma relação: contacto, adoração, delírio, terror, insónia e perda, mas servido com desordem, como a vida nas relações. Chama-se "Me". É melhor do que Chairlift (ou do que o "Moth" dos Chairlift, mais forte que Purity Ring e no próximo disco vai desafiar Grimes a contar luminárias na plateia. JMG
Savages, Inglaterra, Post-punk, indie rock. Disco. "Adore life" (2016)
Palco Super Bock, 21.25 horas
Post-punk agressivo, refinado e simultaneamente bruto é o termo que melhor define o quarteto britânico no seu novo disco. O álbum é o segundo da banda e consolida o sucesso que os palcos de todo o Mundo têm visto. As Savages são feitas para o palco, de preferência ao ar livre e com muito espaço. No Primavera vão tê-lo. DM
Floating Points, Inglaterra, eletrónica. Disco: "Elaenia" (2015).
Palco Ponto, 22 horas
Floating Points (o nome refere o formato de representação digital de números reais pelos computadores) é o projeto do inglês Sam Shephard, músico de eletrónica formado em neurociência. Traz-nos o seu primeiro disco, feito de improvisações e formas fluidas que parecem refletir a visão holística dos sonhos. Intemporal, clássico e pós-moderno (não há contradição), o álbum Elaenia" foi todo feito em piano elétrico e sintetizadores arcaicos. Será a escolha de uma minoria, que pode ou não pode ser imensa. JMG
Freddie Gibbs, EUA, Rap, hip hop. Disco "Shadow of a doubt" (2015)
Palco Pitchfork, 22.30 horas
Não ajudará à realidade atual de Freddie Gibbs, ainda preso em Toulouse e a desesperar com uma possível extradição para a Áustria, onde pode ser julgado por violação, que o artista americano se autointitule Gangsta Gibbs ou Freddie Corleone, mas o rapper americano de 33 anos é uma permanente provocação. A sua lírica persegue o sonho americano e a exposição é em cinemascope e como num drama de Scorsese, cheio de sexo, drogas e espirros de sangue. Se não vier ao Porto porque ainda está preso, o artista não será substituído (e é menos um concerto em justaposição, onde já há à mesma hora Floating Points e PJ Harvey). JMG
PJ Harvey, Reino Unido, Indie rock. Disco: "The hope six demolition project" (2016)
Palco Nos, 22.35 horas
Será seguramente um dos maiores concertos desta edição e a julgar pelos relatos que nos chegaram da edição do Primavera Sound em Barcelona no passado fim de semana, PJ Harvey continua a afirmar-se como uma das mais credíveis artistas do rock independente. Traz na bagagem o novo disco "The Hope Six Demolition Project", que deverá ser tocado praticamente na íntegra, mas esperam-se clássicos como "Down by the water" ou "To bring you my love". CP
Mudhoney, EUA, Grunge, punk-rock. Disco: "Vanishing point" (2013)
Palco Ponto, 23.30 horas
É a banda "irmã" de Pearl Jam, já que dois dos seus integrantes, Mark Arm e Steve Turner, foram companheiros de Jeff Ament e Stone Gossard nos Green River, considerada por muitos a primeira banda de grunge, criada em 1984. É menos reconhecida que Pearl Jam ou Nirvana, mas apenas porque nunca quiseram seguir as tendências dominantes e viveram sempre afastados dos holofotes. DM
Kiasmos, Islândia, Minimal tecnho, experimental. Disco: "Swept EP" (2015)
Palco Super Rock, 0.00 horas
O projeto de Ólafur Arnalds e Janus Rasmussen explora as múltiplas possibilidades do minimalismo experimental. Com um quarteto de cordas, um piano (o de Ólafur), sintetizadores e caixas de ritmos, a experiência promete envolver os presentes num Mundo místico e feliz. Nada mau para quem começou como baterista de uma banda de metal hardcore. DM
Protomartyr, EUA, Post-punk. Disco. "The agent intellect"
Palco Super Rock, 0.00 horas
A banda é constituída por Joe Casey na voz, Greg Ahee na guitarra, Alex Leonard na bateria e Scott Davidson no baixo. Apostam no revivalismo do rock agressivo que marcou a indústria musical dos anos 70. A melancolia e as narrativas cruas que caraterizam as letras remetem-nos para bandas como os Wire ou Pere Ubu. IN
Tortoise, EUA, Post rock jazz experimental. Disco: "The catastrophist" (2016)
Palco Ponto, 01 hora
A meio da década de 90 encantaram o mundo com "Millions now living will never die". Durante anos atreveram-se a caminhar num limbo que amealhava público do rock e do jazz graças a uma música essencialmente instrumental com apurado sentido exploratório. Eclipsaram-se durante algum (demasiado) tempo mas regressaram este ano com "The catastrophist", obra que será o foco do concerto no Porto. CP
Beach House, EUA, Dream Pop, indie pop. Disco: "Thank your lucky stars" (2015)
Palco Nos, 01.15 horas
Revelaram-se em 2012, precisamente no Primavera Sound, onde fizeram abarrotar a tenda. A pop utópica do duo de Baltimore cativa com músicas de ritmo lento e letras atmosféricas, caracterizada pela guitarra droning de Alex Scally e a voz de Victoria Legrand. Com quase uma década de carreira mas um punhado de anos ao mais alto nível, são um valor pop extremamente seguro pop. DM
Holly Herndon, EUA, eletrónica experimental. Disco: "Platform" (2015).
Palco Pitchfork, 1.20 horas
Mais artista sonora do que compositora de sentido clássico, Holly Herndon é a Pharmakon deste ano - e o seu ato será seguramente o mais minoritário da noite. Visionária na justaposição de samples e uso distintivo da voz tratada, faz música considerada cerebral, cheia de movimento, ruído e desordem, mas ainda assim quente ou capaz de emocionar. Novo paradigma. O computador é, para Holly, uma extensão natural do corpo e da sua mente. JMG
Roosevelt, Alemanha, Eletrónica. Disco: "Hold on/Night moves"
Palco Pitchfork, 2.45 horas
Influenciado pelos trabalhos dos New Order e Caribou, o músico alemão Marius Lauber é caraterizado pela eletrónica intimista. O percurso do músico é bastante curioso e tem chamado a atenção pela forma como se entrega e integra diferentes estilos no seu perfil. Combinando a pop e o house, vai trazer ao festival alguns dos temas presentes no álbum Hold on/Night moves. IN
The Black Madonna, EUA, Disco, house. Álbum: "Smart bar"s vinyl" (2015)
Palco Pitchfork, 04 horas
Marea Stamper, nome artístico de The Black Madonna, partilhou com Derrick Carter e Frankie Knuckles o posto de DJ residente do Smart Bar de Chicago. Com uma concepção de música electrónica na qual as sessões cheias de pedras preciosas obscuras são tão importantes como o feminismo e o hedonismo, a artista de Kentucky é também uma produtora talentosa com sucessos como "Exodus" e "Stay". DM
SÁBADO
Manel, Espanha, Pop, folk. Disco: "Atletes" (2013)
Palco Super Bock, 17 horas
O coletivo manel já estreou o seu terceiro álbum, o aclamado "Atletes, baixin de l"escenari", no Primavera Sound e regressa agora para fazer o mesmo com seu novo álbum, o quarto trabalho que seria o da consolidação mas não o foi porque já ninguém discute o lugar de Manel como referência n.º 1 do novo pop catalão. O novo álbum, que ainda não tem nome, é lançado em breve. DM
Cate le Bon, País de Gales, Rock, folk. Disco: "Crab day" (2016)
Palco Ponto, 17.45 horas
A voz cativante de Cate le Bom contrasta com o conteúdo mórbido das letras que canta, influenciadas, segundo a própria, por sucessivos falecimentos dos seus animais domésticos. Cada canção é uma mistura de sentimentos e melodias. Ao Primavera Sound, Cate traz "Crab Day", descrito pela própria como sendo fruto de uma junção das pessoas certas no momento certo, numa colisão de sentimentos inevitáveis e absurdos. DM
Linda Martini, Portugal, Indie rock. Disco: "Sirumba" (2016)
Palco Nos, 17.55 horas
O quarteto é um dos casos mais sérios da música indie feita em Portugal e construiu, aos poucos, um estatuto que lhes permite ter o respeito de um público bastante numeroso. Autores de um rock cerebral fértil em crescendos e detonações, cruzam inspirações sónicas com um certo espírito punk. Lançaram "Sirumba" há poucos meses. CP
Algiers, EUA, soul psicadélica, noise rock. Disco: "Algiers" (2015).
Palco Super Bock, 18.50 horas
O experimentalismo do trio Algiers, um caldeirão americano que magnetiza influências globais, atira-os em muitas direções e uma delas é a soul distópica cheia de sombras e afrofolk, submersa em texturas atonais, dramática até à medula. Há também quem lhe chame anti-gospel, dada a negrura que os inunda e a esperança que lhes falta. Ao vivo são particularmente transgressivos e frontais e não se espera deles menos do que um míni-apocalipse. JMG
Neil Michael Hagerty & the Howling Hex, EUA, Rock. Disco. "Navajo rag cassette" (2012)
Palco Ponto, 19 horas
O rock de Neil Michael Hagerty continua polido com a experimentação psicadélica. O novaiorquino retoma a sua carreira a solo, depois da breve reunião de Royal Trux, banda que o consagrou. Como The Howling Hex, Hagerty lançou mais de uma dezena de álbuns enquanto, em 2012, lançou o álbum de noise maníaco "Dan"l boone". DM
Chairlift, EUA, Eletrónica, indie pop. Disco: "Moth" (2016)
Palco Nos, 20 horas
O duo formado por Caroline Polachek e Patrick Wimberly apresenta "Moth", onde dão a volta à sua sonoridade para tirar os proveitos de algumas das suas colaborações mais célebres, seja com Das Racist ou, no caso de Polachek, com Beyoncé, e aproximarem-se dos ritmos urbanos e de misturas de pop com R&B e bases hip hop. DM
Autolux, EUA, alt-rock. Disco: "Pussy"s dead" (2015).
Palco Super Rock, 20.30 horas
O som eclético deste trio, que tem Carla Azar na bateria (Jack White sabe muito bem quem ela é) vai do post-punk à eletrónica e até ao krautrock e tudo parece dirigir-se para este ponto: encontrar a melodia dentro da loucura. Vizinhos temáticos de muito bom rock (Clinic, White Stripes, QoTSA, Deerhoof, Shellac) e de almas perdidas (o inefável, e saudoso, Vincent Gallo contratou-os para a sua curadoria do ATP em 2005), é uma das bandas favoritas dos adeptos do neo-shoegaze. JMG
Battles, EUA, Post-rock, rock experimental. Disco: "Mirrored" (2007)
Palco Super Bock, 21.10 horas
Com influência do free jazz, o género tem uma estrutura complexa, quase dissonante, que foge do padrão roqueiro tradicional. Sem samples nem programas, é no palco que extravasam todas as potencialidades minimalistas do som experimental que ousam amplificar. São um dos conjuntos mais avant-garde do festival. DM
Car Seat Headrest, EUA, Indie rock. Disco: "Teens of denial" (2016)
Palco Pitchfork, 21.15 horas
É o projecto dominado por Will Toledo, um moço cheio de ideias e força de vontade que desatou a lançar música através da plataforma Bandcamp até o mundo começar a reparar nele. É rock cheio de quedas abruptas e detonações de distorção, mas sem nunca perder um instinto melódico e uma noção de canção. Acaba de editar "Teens of denial". Pode ser uma das surpresas do ano. CP
Drive Like Jehu, EUA, Post-Hardcore, math-rock. Disco: "Yank crime" (1994)
Palco Ponto, 22 horas
Contemporâneos de Fugazi, os Drive Like Jehu estrearam-se em 1991 com um vulcânico álbum homónimo, a que se seguiu o implacável "Yank crime", em 1994, imediatamente antes de desaparecerem para se dedicarem a outros projectos. Agora, duas décadas depois, Mike Kennedy e Mark Trombino regressam aos palcos para demonstrar por que são considerados padrinhos do emocore, uma das vozes mais ferozes do hardcore e uma das maiores influências do punk do século XXI. DM
Air, França, Pop electrónica. Disco: "Music for museum" (2014)
Palco Nos, 22.30 horas
Na viragem de milénio tornaram-se os meninos bonitos da pop ambiental francesa. Autores de obras deliciosas como "Moon safari" ou "10.000 Hz legend", Jean-Benoît Dunckel e Nicolas Godin arquitectavam uma pop vagamente espacial e flutuante mas depois perderam-se um pouco. Felizmente, o concerto no Porto deverá privilegiar sobretudo as canções desses dois álbuns mais inspirados e ainda a BSO de "Virgens suicidas". CP
Titus Andronicus, EUA, Rock punk. Disco: "The most lamentable tragedy" (2015)
Palco Pitchfork, 22.30 horas
Em dezembro deram um tremendo concerto em Lisboa, no MexeFest, e é provável que repitam a proeza agora no Porto. Os discos são uma mina de canções explosivas, mas é em palco que a banda de New Jersey ganha particular encanto, sobretudo se debruçarem o alinhamento em "The most lamentable tragedy", uma ópera rock a respirar desatino urbano. Muito recomendável. CP
AR Kane, Inglaterra, dream pop, alt-dance, shoegaze. Disco: "New clear child" (1994).
Palco Ponto, 23.30 horas
Para muita gente que está agora entre os 40 e os 50 anos, AR Kane é, de longe, a banda mais importante que por aqui se poderá ver. Especialíssimo projeto de rock experimental que deixou apenas três discos e uma mão cheia de singles, os AR Kane produziram música somente durante oito anos - e voltam agora, três décadas depois, para colher os gloriosos frutos. Pós-modernos antes do tempo, shoegazers antes do shoegaze ter sido inventado, performers dub de grande requinte na fusão, são um clímax pop muito original. Há quem sonhe desde 1987 sentir ao vivo a orgiástica detonação de guitarras de "Lollita". Vai ser finalmente agora. JMG
Explosions in the Sky, EUA, Post rock. Disco: "The Wilderness" (2016)
Palco Super Bock, 23.50 horas
Durante anos foram comparados aos Mogwai por causa daquelas guitarras que subiam e desciam e explodiam e desabavam. Os Explosions In The Sky voltam para apresentar o material de "Wilderness", mais um amontoado de electricidade instrumental que tão depressa é contemplativa e romântica, como logo a seguir envereda pela distorção claustrofóbica. CP
Unsane, EUA, Post-Hardcore, metal alternativo. Disco: "Visqueen" (2007)
Palco Pitchfork, 0.00 horas
Foram a ligação entre o metal e o hardcore, o ponto de união entre o noise mais violento e a vanguarda novaiorquina e, desde que se estrearam em 1991 com o álbum homónimo, não deixaram de regar com gasolina e vozes desgarradas tudo aquilo em que tocam. Crua, intensa e impiedosa, a banda de Chris Spencer construiu uma reputação à prova de bombas e uma discografia que é pura dinamite. DM
Moderat, Alemanha, Eletrónica, tecno minimal. Disco: "III" (2016)
Palco Nos, 01.00 hora
Superbanda de tecno alemã e um dos projectos mais representativos do som de Berlim. Se, individualmente, Modeselektor e Apparat já são peças fundamentais no cenário alemão, a união faz explodir qualquer barreira criativa misturando tecno, bass music e pop sofisticado. Com dois álbuns publicados, em 2009 e 2013, o trio apresenta agora o seu terceiro trabalho, uma nova incursão a esse ecossistema sintético que eles próprios criaram. DM
Ty Segall and the Muggers, EUA, Garage rock lo-fi. Disco: "Emotional Mugger" (2016)
Palco Ponto, 01.00 hora
Dizem os relatos que o californiano Ty protagonizou um dos melhores concertos no Primavera Sound de Barcelona há poucos dias. Dele só se espera uma celebração intensa com uma certa insanidade e é provável que venha apresentar o material de "Emotional mugger", lançado no início deste ano. CP
Shellac, EUA, post-hardcore, math rock. Disco: "Dude incredible" (2014).
Palco Pitchfork, 01.20 horas
O trio teso de Steve Albini está para o Primavera Sound como Ivete Sangalo está para o Rock in Rio: nunca falharam uma edição e atuam agora no jardim do festival pela quinta vez consecutiva. Trazem o mesmo disco do ano passado, "Dude incredible", editado sete anos após o anterior. Produtores de rock matemático e post-hardcore, os seus espetáculos são perturbadores e hilariantes (em doses nunca equilibradas de um lado nem do outro). Têm que ser saudados como merecem: como velhos amigos que retornam - ou só simplesmente ignorados pela sua sucessiva repetição. JMG
Royal Headache, Austrália, Post-punk. Disco: "High"
Palco Pitchfork, 02.45 horas
A banda de Sydney, na Austrália, é a prova viva de que o punk e a soul podem combinar na perfeição. Constituída por Law, Shogun, Joe e Shortty, os Royal Headache são reconhecidos pelo equilíbrio que conseguem manter com os riffs nervosos da guitarra e o ritmo agressivo de cada música. O segundo álbum da banda, "High", é apontado, neste estilo, como um dos grandes acontecimentos musicais do ano. IN
Fort Romeo, Inglaterra, Eletrónica. Disco: "Insides"
Palco Pitchfork, 04 horas
O produtor britânico Mike Green dá o rosto a este projeto de música eletrónica. Carateriza-se pela forma como renova o house sem permitir que o estilo perca a verdadeira identidade. A experiência alcançada nas várias performances um pouco por toda a Europa fazem deste um nome seguro para o festival portuense. "Insides" é o espelho daquilo que Fort Romeo é capaz de fazer quando combina os sons crus com uma dose de sofisticação moderada.IN