Do "X Factor" aos One Direction, até à explosão meteórica a solo: Harry Styles, 28 anos, britânico, é um dos talentos mais mediáticos da pop mundial. Este domingo estreia-se ao vivo na Altice Arena.
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Camaleónico, talentoso, desafiador de estilos e de barreiras de género, já comparado a ícones como Mick Jagger ou até Freddie Mercury: Harry Styles é um dos maiores nomes da música do momento em todo o mundo e estreia-se a solo este domingo, 31 de julho, numa lotadíssima Altice Arena, em Lisboa.
Os bilhetes para a única data portuguesa da "Love on Tour", adiada duas vezes pela pandemia, estão há muito esgotados: a meio de julho foram colocados novos lugares à venda, mas desapareceram em minutos. O concerto chegara a estar marcado para maio de 2020, sendo remarcado para fevereiro de 2021 e finalmente para a data atual; mas a verdade é que desde que foi anunciada a primeira data que os bilhetes voaram e muito entretanto aconteceu, aumentando a expectativa.
Os motivos para o entusiasmo são variados. Em primeiro lugar, o cantor já tinha estado em Portugal com os One Direction mas esta é a sua estreia a solo. Além disso, desde a data do primeiro concerto, que iria incidir sobre o 2.º disco, "Fine Line", Styles lançou um outro, "Harry's House" - que quebrou novamente recordes de tabelas, muito devido ao sucesso do primeiro single, "As It Was".
O cantor é também um dos mais consensuais talentos do momento, sendo elogiado por fãs de vários géneros e parceiros na música: os Arcade Fire fizeram recentemente uma cover de "As it Was" - os Strokes também passaram por lá no seu último concerto no Alive, entre outros pares que são declarados admiradores. Talvez a mais icónica seja Joni Mitchell, cujo tema "Harry's House/ Centerpiece" deu nome ao novo disco.
Agora com 28 anos, o músico está muito longe da sua estreia em 2010 no "X Factor", de onde chegou a ser eliminado como cantor a solo antes de repescado pela visão de Simon Cowell para formar uma banda. Nasciam os One Direction, uma das maiores boys bands de sempre, até ao seu fim em 2016. Apenas um ano depois, Styles estreava-se a solo com o primeiro disco e single, "Sign of the Times", um sucesso imediato - tal como o álbum número dois, "Fine Line" já considerado pela Rolling Stone como um dos "500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos". Ainda antes de "Harry's House", chegaram também os prémios, incluindo um Grammy, e a estreia em filmes, com dois atualmente em produção.
A quebrar barreiras
Mas não é só de música que se conta a vida e o impacto de Styles na cultura moderna. Em dezembro de 2020, o cantor fez história como o primeiro homem a aparecer sozinho na capa da Vogue com um vestido, um modelo da Gucci. Desde os One Direction que o músico apostava num estilo mais feminino, mas na carreira a solo abraçou completamente a ausência de barreiras: e apesar das namoradas mediáticas, quando questionado sobre a sua sexualidade rejeita sempre rótulos e explica que olha para a moda, como para o mundo, como espaços sem género definido, tornando-se assim num foco de importante debate público sobre o tema.
Em entrevistas, reforça normalmente que simplesmente gosta, e sempre gostou, de roupa feminina: em 2018, numa conversa com o ator Timothée Chalamet promovida pela revista ID, dizia que "há muita masculinidade em ser vulnerável e se permitir ser feminino". De vestir-se de Dorothy do "Feiticeiro de Oz" no Halloween, aos estilos dos concertos e vídeos e à capa de "Harry's House", onde veste coleção feminina de Molly Goddard, nada é fora de limites.
Além da naturalidade com que descarta géneros na moda e rótulos na sexualidade, Styles tem-se revelado também filantropo e ativista: já apoiou várias vezes a comunidade LGBTQIA+, defende direitos iguais para todos, ajudou este ano um fã gay a assumir-se em pleno concerto. É presença em ações de caridade, desde a luta contra o cancro às questões ambientais; e abraça sem tabus temas mais sociais ou políticos, como o movimento Black Lives Matter ou a penalização das armas nos EUA - este ano, depois do massacre na escola de Uvalde, doou um milhão de dólares à Everytown for Gun Safety. Criou mesmo um lema, "Treat People with Kindness": um slogan de aceitação e bondade que se associa agora à sua marca - e que é hoje considerado um bastião de como uma superestrela pode ser um exemplo de aceitação e tolerância para os fãs, sobretudo os mais novos.