O fim das férias de verão, tal como o início do ano e após as festas familiares, coincidem com picos de separação dos casais. As razões para a tomada de uma decisão tão radical prendem-se com um aumento do convívio e com o que dele se extrai, o que nem sempre corresponde às expectativas. Contudo, há casos em que há margem de mudança. E para esses, psicóloga indica caminhos para elas, para eles e para ambos elementos do casal
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Estava tudo perfeito: o tão desejado descanso, dias para recuperar o tempo com o cônjuge e os filhos e dias longos para saborear o tempo livre. Estes eram os planos ideais de muitos antes de pegarem nas malas para desfrutarem de dias de férias. Contudo, nada disso aconteceu.
Na verdade, múltiplos estudos têm constatado um aumento de separações no período que se segue às férias de verão e que também é muito evidente numa janela temporal que coincide com o pós-Natal e Ano Novo, havendo um registo aumentado de separações e divórcios nesses dois momentos do ano.
"As férias são, muitas vezes, vistas como o tempo ideal para descansar, criar memórias e reforçar laços. No entanto, nem sempre correspondem às expectativas: discussões inesperadas, stress logístico ou até acontecimentos trágicos podem transformar dias sonhados em momentos de desgaste profundo", vinca a pscióloga e neuropsicóloga Carolina de Freitas Nunes.
Apesar do desaire, não é obrigatório partir para a cisão. Há relacionamentos que conseguem superar esta fase negra e reconquistar o que parecia perdido depois de uns dias de praia e noites bem dormidas. Para a especialista da Cognilab, entre o que é possível recuperar a dois estão "os conflitos passageiros, muitas vezes alimentados pelo cansaço ou pela convivência intensiva", que "podem ser resolvidos através do diálogo e da empatia". Carolina de Freitas Nunes assegura que "a rotina sexual, quando posta à prova, também pode ser revitalizada, desde que exista vontade em ambos para reinventar a intimidade". Afinal, como refere a especialista, "mesmo as expectativas desalinhadas podem ser corrigidas, aprendendo a planear em conjunto de forma mais realista".
Nesse sentido, a neuropsicóloga deixa recomendações que cada um dos elementos do casal e para ambos com o propósito de minimizar danos radicais na relação.
Para ambos: "Conversem sem acusar: falem do que sentiram, usando frases na primeira pessoa ("eu senti...") em vez de apontar dedos. Distingam problemas reais de contrariedades: nem tudo o que correu mal é um sinal de crise séria. Criem rituais: introduzam pequenas rotinas de carinho e humor no dia a dia, para não viver apenas das férias."
Para mulheres: "Peçam espaço para expressar emoções: muitas vezes guardam mágoas em silêncio. Tornar os sentimentos visíveis ajuda o parceiro a compreender. Evitem assumir tudo sozinhas: delegar responsabilidades nas férias (e fora delas) pode evitar frustração acumulada."
Para homens: "Sejam claros na comunicação: silêncio ou evasivas podem ser interpretados como indiferença. Mostrem iniciativa na intimidade: pequenos gestos de afeto ou desejo ajudam a quebrar o distanciamento pós-conflito."
Em comum: "Se o desgaste ultrapassou o limite, considerem ajuda profissional. Por vezes, uma conversa mediada é o que abre caminho para a reconstrução ou para uma separação menos dolorosa."
Importa vincar que nem todas as histórias têm um final feliz. "A falta de respeito, humilhações ou indiferença total" são sinais que, para Carolina de Freitas Nunes, indicam que o relacionamento chegou mesmo ao fim. Pontos em que "a relação dificilmente regressa ao ponto de harmonia", acrescenta a psicóloga. Nestes casos, está-se diante de momentos em família ou a dois que funcionaram "como reveladoras de fragilidades que já vinham de trás". "O "teste" não cria o problema, apenas o expõe", conclui.