Uma história clássica de des(amor) contada por Marcos Caruso e Eliane Giardini.
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Os atores brasileiros Eliane Giardini e Marcos Caruso têm ambos 69 anos, mas entram na casa dos portugueses há tantas décadas que é como se fossem atemporais. Com arranque em Lisboa a partir de hoje, e durante dois meses, sobem a seis palcos do país com a peça "Intimidade indecente".
"A obra é um clássico sobre o amor e as relações duradouras de um casal, mesmo quando decide viver separado. Com o decorrer das décadas percebe que há um retorno", conta ao JN Marcos Caruso.
O texto escrito por Leilah Assumpção já teve três versões. Na original, Marcos Caruso contracenava com Irene Revache, na segunda com Vera Holtz e agora com Eliane Giardini. "A primeira versão foi há 20 anos, a segunda há cinco anos e depois foi um sucesso tão grande em Portugal que fizeram questão que voltássemos", diz Caruso. "As três são absolutamente diferentes e têm ferramentas e características humanas completamente distintas".
Curiosamente, na última vez que estiveram em Portugal, o convite já tinha seguido para Eliane Giardini. "Tive de recusar mas fiquei com água na boca. Agora, quando surgiu a oportunidade, aceitei imediatamente", diz ao JN.
versão atualizada
Eliane Giardini e Marcos Caruso, além dos seus papéis notáveis ao longo dos anos, tiveram um êxito com o hilariante casal Leleco e Muricy na telenovela "Avenida Brasil", em 2012.
Eliane explica que esse passado "dramaturgicamente pode funcionar a nosso favor, é mais uma camada, porque as pessoas já têm a memória afetiva de que sejamos um casal". Mas desfaz eventuais equívocos: "São dois casais muito diferentes".
Apesar destes antecedentes, na hora do início dos ensaios partiram do zero. E numa tentativa de criar ainda mais intimidade começaram a ensaiar na casa de Giardini, "como se fosse a casa desse casal".
Esse foi um detalhe essencial para que "nos emocionássemos muito e ríssemos muito. É a velha máxima: quando você fala da sua aldeia, fala do Mundo todo. E Leilah pôs no papel o que ia no fundo da sua alma", diz Caruso.
"Se você pensar, chega à conclusão que o ser humano não mudou muito nas suas emoções em 4 mil anos", prossegue Giardini. Ainda assim, fizeram alterações ao texto original: "As questões das minorias, do feminismo e do lugar da mulher mudaram muito ao longo de 20 anos".
A digressão terá quase dois meses, mas os dois preferiam estar ainda mais tempo. "Portugal tem grandes teatros, muito bem equipados, e tem muito público de teatro". E há o lado emocional, já que ambos têm ascendência portuguesa. "Cada vez que venho cá, descubro histórias, comidas e lugares novos" conta Caruso. "Quando estou em Portugal venho ao reencontro de mim mesmo".