Festival de música eletrónica e outras artes estreia-se com mais de 70 concertos e DJ set em quatro espaços da cidade.
Corpo do artigo
O festival Sónar, que chega a Portugal este fim de semana, nasceu com uma forma muito próxima da atual. Foi às portas da primavera de 1994, em Barcelona, definindo-se como um evento de música maioritariamente eletrónica e dançável, com ramificações para linguagens mais abstratas. Abundam também as fusões digitais com as artes plásticas e o cinema, e na última década acentuou-se a aposta em conferências que tocam áreas como a tecnologia, ciência, ambiente, economia, arregimentadas no Sónar +D.
A versão lusa do Sónar (variantes do festival já passaram por Nova Iorque, São Paulo, Cidade do Cabo, Seul, Tóquio, etc.), não se desvia do molde original. Espalhado por quatro espaços de Lisboa - Pavilhão Carlos Lopes, Coliseu dos Recreios, Centro de Congressos de Lisboa e Hub Criativo do Beato - o programa, com mais de 70 concertos e DJ set ao longo de três dias, convoca nomes do mainstream da eletrónica global, que partilham os palcos com músicos e produtores para diversas minorias. O ambiente no Sónar by Day - a face diurna do festival, que vai do início da tarde à digestão do jantar - não anda muito longe da euforia que se instala no Sónar by Night, que esta sexta-feira e sábado prolongará a festa até à alvorada. Na Catalunha, em anos livres de pandemias, a assistência contém gente de todos os continentes. A primeira edição portuguesa, no arranque de uma temporada de festivais que não acontece desde 2019, será um teste à disponibilidade do público para o regresso aos grandes eventos musicais.
Noites intensas
Navegar pelo programa de atuações simultâneas do Sónar aconselha um certo grau de planeamento - em especial numa edição lisboeta em que as salas distam consideravelmente umas das outras, não permitindo a deambulação por vários palcos ao sabor das descobertas.
Na noite desta sexta-feira, quem optar pelo Pavilhão Carlos Lopes (PCL) vai deparar-se, por exemplo, com as fusões lunáticas (elogio) de Thundercat e o som (e corpo) mutante de Arca, além de sets de Nídia e DJ Marfox. No Centro de Congressos de Lisboa (CCL), os cabeças de cartaz são dois portentos mundiais do tecno, Richie Hawtin (em diálogo de gira-discos com Héctor Oaks) e Charlotte de Witte.
Sábado a festa começa mais cedo e tem os primeiros pontos altos com a produtora americana Honey Dijon e um talento em ascensão, a britânica India Jordan, a que se segue uma madrugada intensa com concerto de Pongo e DJ set de Branko, ambos com álbuns novos (todos no PCL). No CCL, o final deverá prosseguir apoteótico à boleia da veterana Ellen Allien (com Dr. Rubinstein) e de Nina Kraviz, de longe a artista russa mais popular da última década, remetida a um silêncio quase total nas redes sociais desde a invasão da Ucrânia. No Coliseu dos Recreios a noite será variada, incluindo rRoxymore, um DJ set de Floating Points (aliás Sam Shepherd, autor de um dos discos mais celebrados de 2021, "Promises"), Bicep e Rui Vargas.
O programa de domingo do Sónar Lisboa é mais minimal, não sendo de perder a canadiana Jayda G, especialista a atualizar o house.
Destaques
sexta/ 22h
Thundercat
Pavilhão Carlos Lopes
sexta/ 1.25h
DJ Marfox
Pavilhão Carlos Lopes
sexta/ 2h
Richie Hawtin | Héctor Oaks
Centro de Congressos de Lisboa
sexta/ 4h
Charlotte de Witte
Centro de Congressos de Lisboa
sábado/ 19h
India Jordan
Pavilhão Carlos Lopes
sábado/ 20.15h
Honey Dijon
Pavilhão Carlos Lopes
sábado/ 1h
rRoxymore
Coliseu dos Recreios
sábado/ 2h
Floating Points
Coliseu dos Recreios
sábado/ 3h
Ellen Allien b2b Dr. Rubinstein
Centro de Congressos de Lisboa
domingo/ 20.50h
Jayda G
Pavilhão Carlos Lopes