Com lançamento previsto para sexta-feira, "Viva tu" põe fim a um silêncio discográfico de 17 anos do músico franco-espanhol Manu Chao.
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Aos 63 anos, Manu Chao continua a ser o que sempre foi - um músico que sempre recusou o "star system" e continua a reger-se por uma liberdade criativa acima de qualquer suspeita. Mesmo que isso soe estranho de acordo com parâmetros da música atual, em que o (suposto) êxito se mede unicamente pela quantidade de cifrões acumulados.
No verão que agora termina, o antigo membro dos Mano Negra atuou em Portugal por três vezes. Não nos festivais que arrastam multidões, patrocinados por grandes multinacionais, mas por eventos de cariz independente, em Águeda, Seixal e Valença.
"Recusou o festival de Paredes de Coura, o Super Bock Super Rock, o Primavera Sound. Ele quer coisas mais pequenas", afirmou ao JN João Carvalho, da promotora Ritmos, sublinhando que “é um artista muito peculiar, completamente anticapitalista. É a antítese do que é um artista hoje em dia”.
Em 2011, ficou célebre o episódio que protagonizou no Festival Marés Vivas quando, após conhecer o recinto, mostrou desagrado aos organizadores pela profusão de marcas presentes.
Coincidência ou não, depois desse incidente o músico mostrou-se muito mais cauteloso com a aceitação de convites para participar em festivais, procurando certificar-se ao máximo de que os mesmos não tenham uma dimensão de marketing muito vincada.
A independência extrema de Chao passa também pela raridade dos discos. Há 17 anos, desde "Radiolina", que não lançava temas originais. A espera finalmente terminou. "Viva tu" assinala o regresso à edição do músico, com o lançamento marcado já para a próxima sexta-feira, dia 20.
Nos últimos meses foram conhecidos dois singles de avanço: o homónimo "Viva tu" e "São Paulo Motoboy’. Este último, um tributo aos motociclistas da urbe brasileira "que arriscam a vida todos os dias em duas rodas na grande metrópole".
Willie Nelson (em "Heaven's bad day") e Laeti (em "Tu te vas") são dois dos músicos que participam num disco definido pelo próprio artista como tendo sido "inspirado nas suas viagens e na vida quotidiana das pessoas". Composto por uma dúzia de temas, "Viva tu" volta a exibir a faceta poliglota de Manu Chao, com temas em inglês, espanhol, francês, português.