O poeta e tradutor Manuel Resende, um dos autores mais influentes da poesia portuguesa contemporânea, faleceu esta quarta-feira, vítima de doença prolongada. Tinha 71 anos.
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Três livros ("Natureza Morta com Desodorizante, de 1983, "Em Qualquer Lugar", de 1988" e "O Mundo Clamoroso, ainda") bastaram para que Manuel Resende deixasse a sua marca na poesia portuguesa. A irregularidade da publicação foi apenas uma das marcas mais visíveis da singular forma de estar do poeta, conhecido pelo caráter insubmisso e independente.
Essa aversão aos circuitos tradicionais pode ter atrapalhado o reconhecimento público mas não o dos seus pares. Quando, há dois anos, a Cotovia lançou um volume da sua "Poesia reunida", incluindo dispersos e inéditas, gerou-se à sua volta um raro consenso no meio.
Nas entrevistas que concedeu na altura, comparou a sua escrita a um processo de colagem, enumerando uma longa lista de influências, em que tanto estavam presentes os clássicos como bandas de rock.
O seu percurso como tradutor foi igualmente relevante, tendo vertido textos e poemas de, entre muitos outros, Konstantinos Kaváfis, Odysséas Elytis, Kiki Dimoulá, Franz Kafka e Bertolt Brecht.
Natural do Porto, Manuel Resende foi amigo próximo de Manuel António Pina e, tal como o Prémio Camões, também passou pela redação do "Jornal de Notícias".