Vinte e duas canções, dois encores e quase duas horas de concerto depois, os Ornatos Violeta justificaram, mais uma vez, o culto que lhes é prestado por várias gerações.
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O renovado pavilhão Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota já tinha esgotado na noite de Halloween para provar que os Ornatos Violeta têm muitos amigos. A noite de sexta não foi diferente.
Adivinhava-se uma celebração apoteótica dos 20 anos de "O monstro precisa de amigos" e tudo estava pensado ao pormenor. O palco, bem no centro da arena (a verdade é que onde quer que estivessem, seriam o centro das atenções), fazia sobressair uma plateia ansiosa, à espera. Passava pouco das 22 horas, o público já gritava pela banda, ainda sem ter-se ouvido qualquer canção.
Apagaram-se as luzes e o "amor foi entrando em nós sem mentir". Manel Cruz, Peixe, Nuno Prata, Elísio Donas e Kinörm começaram por lembrar "Como Afundar". "Estranha forma de acordar", entoada em coro, deu as boas-vindas a "Tanque".
À terceira música, "Há-de encarnar" fez subir as temperaturas do Pavilhão, tanto que a t-shirt de Manel Cruz saiu disparada do corpo e nunca mais voltou. A plateia contagiada cantava com o quinteto como "os sonhos não podem ter fim".
De seguida, foi a vez de fazer entrar "Para de olhar para mim", para nos confirmar que vai sempre valer a pena esperar por Ornatos. Os acordes de "Para nunca mais mentir" entraram, ao mesmo tempo que as paredes da arena foram preenchidas com projeções em vídeo dos cinco músicos a fazerem aquilo que melhor sabem fazer: música. A banda chegou para dar, para estar, para sorrir e para amar.
Sem precisar de qualquer apresentação, "Ouvi dizer" levou o pavilhão ao expoente máximo da loucura e o coro do público sobrepôs-se à performance exímia de Manel Cruz. "É um prazer muito grande estar aqui. Tocar no Porto tem um sabor especial", confessava o vocalista antes de trazer as "Notícias do fundo". O prazer foi todo nosso.
A plateia continuou eletrificada com "O.M-E-N" e certamente foi tão bom para nós, como foi para vós, Ornatos.
Sem tempo para recuperar o fôlego, "Chaga" fez-se ecoar e não poupou as vozes dos presentes. Um hino para relembrar que "não vai haver um novo amor tão capaz e tão maior". Pelo meio do alinhamento, foi bom voltar a dizer "Coisas", relembrar a melhor música alguma vez escrita por um peixe, "Para-me agora" e amar sempre "Devagar".
Graças a Ornatos Violeta, não foi mais um "Dia Mau" mas sim um dia para guardar naquela gaveta do coração para os momentos especiais. Fácil foi também o pedido para o público contar até três e introduzir a canção "Capitão Romance" que todos sabemos de cor.
Chegamos ao "Fim da canção", mas houve ainda tempo para recordar temas icónicos como a "Dama do sinal", "Punk moda funk" e para Manel Cruz cantar "Raquel", o tema final de "Cão!".
Clichê ou não, nunca a expressão de que o que é bom acaba depressa foi tão bem apregoada. E se restavam dúvidas, ninguém saiu dali sem a certeza de que Ornatos Violeta estão vivos outra vez.