A companhia A Filandorra-Teatro do Nordeste manifestou-se, esta manhã de terça-feira, na Praça da Sé, em Bragança, pelo direito das populações do interior do país, que também é Portugal, ao acesso à cultura como consignado da Constituição da República.
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O protesto, inserido numa jornada de luta nacional com iniciativas em Bragança, Lisboa (em frente ao Teatro São Carlos) e Porto (na Praça Humberto Delgado), nesta duas cidades marcadas para as 18 horas, serve para mostrar a repetição de cenários e o agravamento do panorama de degradação, empobrecimento e esvaziamento crescente da liberdade e da diversidade na Cultura, uns dias antes de ser conhecida a proposta do Orçamento de Estado para 2020. "Os artistas não estão contentes com a atitude do Ministério da Cultura quer do ponto de vista individual quer das estruturas", afirmou David Carvalho, diretor de A Filandorra.
Temos zero apoios para 2020 e 2021
A companhia apresentou-se em Bragança na totalidade para interpretar uma cena ou fazer "a demonstração de um velório à política da cultura", salientou aquele responsável. "Todos os atores estão de mordaça preta na boca, vestidos de negro. Os autores da nossa candidatura estão expressos em folhas brancas, sobre o pano negro. Há também uma coroa de flores. Os autores vão ser queimados um a um, abrindo o ritual com a música do Zeca Afonso, Os Vampiros", descreveu David Carvalho. No final escutou-se o hino nacional.
Espero que este governo resolva isto e não nos deixe encerrar
O diretor de A Filandorra denunciou que a sobrevivência da companhia "está em risco", apesar de levar o teatro aos locais mais recônditos dos distritos de Bragança e de Vila Real através da sua itinerância e protocolos assinados com 21 municípios e itinerância ocasional em cerca de 15 concelhos. "Temos zero apoios para 2020 e 2021. No último concurso ficamos com nota suficiente e bom para termos apoio, mas foi decretado termos zero porque não há dinheiro para nós. Não sei se sobreviveremos. Até dia 27 de março temos um conjunto de iniciativas comprometido, mas depois de cumprirmos todos os nossos compromissos encerraremos a 10 de junho, Dia de Portugal. Eu espero que este governo resolva isto e não nos deixe encerrar", afirmou David Carvalho.
A Filandorra associou-se à plataforma Cultura em Luta e escolheu Bragança para realizar o protesto, por ser a cidade sede da Secretaria de Estado da Valorização do Interior, onde têm uma reunião marcada para breve.