Numa noite anunciada como tendo dois cabeças-de-cartaz, os Queens of the Stone Age foram os primeiros a pisar o Palco Mundo do Rock in Rio, mas era para os Linkin Park que a grande maioria da multidão, 68 mil, lá estava.
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Tal como na edição de 2012 deste festival, os Linkin Park voltaram a provocar enorme arrebatamento em mais de 60 mil fãs que não se cansaram de exteriorizar o deslumbramento pela banda. O público dos Linkin Park é muito afeiçoado, não poupa energias para demonstrar a sua devoção: canta permanentemente, ergue os braços, responde sem hesitações a qualquer apelo dos seus ídolos e tenta, acima de tudo, ser parte integrante daquele concerto, não se limitando a ser apenas mero recetor da música.
A banda californiana labora uma espécie de rap cruzado com rock e tocou mais de 20 canções no Parque da Bela Vista. Abriu com "The Catalyst" e não demorou a desaguar em "Guilty all the same", faixa do novo disco com edição para os próximos dias. Com muita gente aos ombros dos amigos, os Linkin Park estenderam o concerto por cerca de duas horas, havendo tempo para "One step closer", "Papercut", "Wastelands", "Burn it down", "Numb", "In the end" ou, entre muitas outras, "A light that never comes" com Steve Aoki - que actuou a seguir - no mesmo palco.
Já depois de "Crawling" ou "New Divide", os Linkin Park despediram-se em apoteose com "Bleed it out". E com o vocalista Chester Benington rendido à empatia do público português. "Esta é melhor forma de começar a digressão europeia", afirmou, debaixo de um aguaceiro de aplausos.
Seguiu-se Steve Aoki , o dj e produtor americano que é uma autêntica "super star". Assim que foi avistado em cima do palco, depois de brindar o público com uma chuva de confetti, os corpos dos resistentes dispararam no sentido do infinito. Braços no ar e pernas soltas para receber as remisturas que transformaram o recinto numa gigantesca discoteca a céu aberto.
Mais do que dj, Aoki é um mestre-de-cerimónias de excelência, que se divide entre a mesa de mistura e toda a parafernália com que presenteia a plateia. Há fumos, bolos atirados ao público, um barco de borracha a navegar na multidão, um banho de champanhe. Saúda o público de longe, de perto, encavalita-se na mesa de mistura, desce para junto da plateia, que vibra com cada nova música. O final de noite perfeito para os milhares que se rendem a cada passagem do dj por Portugal.
Diretamente do Primavera Sound, em Barcelona, para o Parque da Bela Vista, em Lisboa, os Queens of the Stone Age foram os primeiros cabeças-de -cartaz da terceira noite de Rock in Rio a atuar. Ao contrário da solenidade com que foram recebidos o ano passado no Super Bock Super Rock, os Queens of the Stone Age subiram ao palco um pouco antes das 21.00 horas e para uma plateia maioritariamente constituída por jovens fãs dos Linkin Park, que guardavam militantemente o lugar junto às grades.
Josh Homme arrancou com "You think I ain't worth a dollar, but I feel like a millionaire" e disposto a fazer com que os fãs passassem "um bom bocado". "Go with the flow" e "3's & 7's" foram um aquecimento para "In my head" e "Burn the witch", que começaram a surtir algum efeito na multidão.
Este não era, na sua maioria, o público de Queens of the Stone Age e essa (falta) de energia parecia contagiar o palco, apesar da promessa de uma noite inesquecível, das várias declarações de amor endereçadas à plateia e da inegável competência da banda norte-americana - a bateria de Michael Shuman não sossega e a guitarra de Josh Homme nunca perde o fulgor.
À calma do piano de "...Like a clockwork", que acendeu várias luzes entre a multidão, seguiu-se a muito aclamada "If i had a tail". Na fila da frente, um dedo do meio ter-se-á erguido para o vocalista dos Queens of the Stone Age que, desbocado e sorridente, não se poupou na resposta. "Sick, sick, sick", "Better living" e "No one knows" foram as últimas canções a ecoar pelo Parque da Bela Vista, com o público a despedir-se calorosamente.
Ao final da tarde, o palco principal do recinto abriu com os brasileiros Capital Inicial, que apesar dos 30 anos de carreira só agora se estrearam em Portugal. A formação usufruiu de um som num volume bastante alto - o que parece ter agradado ao público - e ofereceu uma hora de um rock inspirado na vaga do pós-punk. Houve uma homenagem a Joe Strummer com a interpretação de "Should I Stay or should I Go", um clássico dos Clash muito bem recebido por um povo que aproveitou para ligar as turbinas e aquecer o corpo para a maratona de rock que a noite ainda prometia.