O dia 2 de janeiro será aquele em que a RTP estreia uma grelha renovada e na qual a série "Ministério do tempo" surge como "projeto-âncora".
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Adaptada do original espanhol homónimo, esta é uma de três histórias que Daniel Deusdado, diretor de programas do canal, vai colocar, aos dias de semana, na primeira faixa do horário nobre, há anos ocupada com concursos de cultura geral. "As séries em "prime time" estão a marcar toda a TV na Europa. Para este arranque de 2017 resolvemos dar um passo em frente", justificou ontem o responsável, durante a apresentação das novidades da estação.
A "Ministério do tempo" juntam-se "Feitios" e "Sim, chef!" (baseada num formato russo). Haverá ainda uma quarta produção - "A filha da lei" -, da Stopline Films, de Leonel Vieira, que por ser "mais adulta" deverá ser a única a manter-se no horário das 22 horas. Ou seja, para já, a RTP1 só não vai emitir séries à quinta-feira, dia reservado para "Príncipes do nada", de Catarina Furtado.
"Colocar ficção às 21 horas é uma aposta que tem um risco", já que "significa alterar um padrão que neste momento funciona: o do concurso". "O "The big picture" [que passará assim a ser exibido mais tarde, à exceção da segunda-feira, em que não irá para o ar devido a "Prós e contras"] é um êxito, mas não queremos virar a cara aos riscos e queremos ir mais além", prosseguiu Deusdado.
A história de "Ministério do tempo" envolve ação, crime e mistério, com uma pitada de comédia. Mariana Monteiro, Sisley Dias e João Craveiro interpretam as personagens principais: uma espécie de detetives cuja missão é viajar pelo tempo - entenda-se: pelos quase nove séculos de História de Portugal - e impedir que os acontecimentos do passado se alterem. Para Mariana Monteiro, de 28 anos, este é "talvez um dos projetos mais ambiciosos" que conhece e uma oportunidade para os jovens, ávidos consumidores de ficção estrangeira, começarem a ver produções nacionais.
Ontem à noite, um dos episódios foi exibido para cerca de 400 alunos do 10.º ano de escolaridade no Cinema São Jorge, em Lisboa. Uma ação que contou com João Costa, secretário de Estado da Educação. "Não estamos a falar apenas de uma série. Estamos a falar de um enorme papel que a RTP pode ter no redescobrir da História e na capacidade de criar formatos que ajudem as novas gerações a compreender que os seus heróis não são apenas o Forrest Gump ou o Senhor dos Anéis. Há heróis portugueses que não vão para a tela porque não há dinheiro. Ou seja, é preciso inventar esse dinheiro para os meter na televisão e é isso que estamos a tentar fazer", concluiu Daniel Deusdado.