Sozinho, apenas na companhia da sua guitarra acústica, Ed Sheeran controlou uma multidão no Parque Tejo, viajando pelos vários discos que marcaram a sua carreira. O cantor britânico encerrou, na noite de domingo, o primeiro fim de semana do Rock In Rio Lisboa, no Parque Tejo.
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A espera pelo tão aguardado concerto da noite terminou assim que Ed Sheeran põe os pés no Palco Mundo e começou a interpretar “Castle on the Hill”. Tema do seu terceiro álbum de estúdio “Divide” (2017) que o músico britânico, chegado à capital portuguesa, decidiu cantar numa das torres do Castelo de São Jorge. “Acabei de aterrar em Lisboa e há um castelo numa colina, por isso, só há uma coisa a fazer”, diz no vídeo que partilhou nas redes sociais.
Por breves segundos, problemas técnicos cortaram o som, mas o cantor deu rapidamente a volta. “Obrigado, Lisboa, como é que se sentem esta noite?”. Cumprimentos dados, Ed Sheeran explicou como é que, sozinho em palco, consegue tais melodias. Durante todo o concerto utilizou pedais de loop com os quais gravou batidas, acordes e a sua voz.
Não se sente a falta de uma banda que o acompanhe. A sua essência simples, do miúdo com grandes sonhos que se fez artista, contagiou os milhares que o assistiam. Foi assim que, sem desiludir, controlou a multidão, durante uma hora e meia, num espetáculo de luzes, efeitos visuais e fogo de artifício à mistura.
Foi há dez anos que, ainda no início de carreira, o artista tocou pela primeira vez no festival Parque da Bela Vista, uma estreia em Portugal. E regressa a Lisboa cinco anos depois de duas noites esgotadas no Estádio da Luz. Uma década depois, naquele palco, revisita o seu primeiro álbum “+” (ou “Plus”), lançado em 2011, com “A Team” e “Give me Love”.
Sobre este primeiro tema, partilhou uma memória. Escreveu-a entre quatro paredes, no seu quarto, quando tinha apenas 18 anos e morava em Londres. Levava-a consigo a pequenos espetáculos com poucos no público. “[Pensava] esta é a música que vai mudar tudo, mas ninguém quis saber”, ri-se. Hoje, com 33 anos, convidou uma multidão de 80 mil para cantarem consigo.
As aceleradas “Sing”, “Don’t” e “Bloodstream” de “X” (2014), um dos seus álbuns mais vendidos em todo o mundo, fizeram com que o público tirasse os pés do chão. À semelhança do que tem feito em digressões anteriores, Ed Sheeran acabou por incluir na "setline" um "wembley” de “Superstition", de Stevie Wonder, e “Ain’t no Sunshine”, de Bill Withers.
Houve espaço para os fãs sentirem todo um leque de emoções. No repertório não faltaram também as apaixonadas baladas “Thinking Out Loud”, “Perfect” e “Photograph”, que iluminaram o recinto com as lanternas dos telemóveis do público.
Antes de interpretar “Eyes Closed”, o artista partilhou a sua jornada no luto desde que, há cerca de dois anos, perdeu um grande amigo. Escreveu este tema “na esperança de o voltar a ver um dia”, A perda inspirou o seu último disco de 2023 “-”, que parece ter terminado a fixação do artista em nomear os seus projetos com símbolos matemáticos.
Já na reta final, “Shape of You” põe novamente o recinto a dançar e a bater palmas. A noite terminou com “Bad Habits”, single do álbum anterior, “=” (ou “Equals”). “Obrigado, Lisboa. Por favor, cheguem a casa seguros”, disse sorridente, de guitarra no ar.
De recinto esgotadíssimo no primeiro fim de semana, pronto a receber 80 mil por dia, em dois dias, o Rock In Rio Lisboa levou 160 mil festivaleiros ao Parque Tejo. O festival prossegue já nos dias 22 e 23 de junho, com nomes internacionais como Jonas Brothers, Ivete Sangalo, Doja Cat e Camila Cabello.