Durante 21 horas, quatro mil pessoas de diferentes gerações e origens dançaram sem parar em Esmoriz
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O Sound Waves estreou-se em 2005 e só mesmo a pandemia impediu a sua realização nos dois últimos anos. Recuperada a normalidade, este fim de semana, em Esmoriz, o certame "bombou" durante cerca de 21 horas, com um line up à escala mundial. Assumidamente com o coração no tecno e a essência no underground, as batidas ecoaram para além do recinto e conquistaram ravers de várias idades e de todo o lado, portugueses e estrangeiros, atraídos pelo festival no seu todo e não por nenhum DJ em particular.
Valerie, de 21 anos, fez-se acompanhar pela mãe, Ute, que "abanou o capacete" como se não houvesse amanhã durante a atuação do português Link98, apesar de se descrever como "muito antiga" na hora de divulgar a idade. Vieram de Valência, Espanha, para gozar uns dias de férias em Portugal, a pretexto do Sound Waves. "Estamos aqui pelo festival", sublinhou Valerie, enquanto tirava os "plugs" dos ouvidos para conversar com o JN.
Não tardou a entrarem em cena os DJ Carlos Manaça e Miss Sheila, para o primeiro "back to back" (ou b2b) desde que o Mundo desconfinou. O globo virou a girar e as duas referências da cena eletrónica no nosso país - com créditos internacionais- subiram ao palco para, ao cair da noite, levarem o público ao rubro. "Já são sete anos" no festival, recordou Manaça. A brincadeira tornou-se séria e "o público gosta de nos ver juntos", acrescentou Sheila. Ele leva "35+1 anos" de carreira, enquanto ela celebra 23 anos, agarrando diferentes gerações, até porque, como reconheceram, "a música une as pessoas".
No recinto, os estreantes António Sérgio, de 17 anos, e Paulo Abrantes, de 19, vindos de "camioneta e comboio a partir de Viseu", conheceram um casal de Oliveira de Azeméis, Isabel e Hélder, que tinham "o bilhete comprado há dois anos". António foi "puxado" por Paulo, com quem partilha o gosto por música eletrónica e, no final do mês, como antecipou, vai estar no Wipeout Open Air Festival, em São Martinho do Porto.
A hora das mulheres
Em frente ao palco principal e ao livre, a multidão juntou-se ao ritmo da música, enquanto no Palco Circus, no interior da tenda, montada no extremo oposto do recinto, sucederam-se atuações de artistas emergentes, que vão acrescentando frescura ao meio e lançando cada vez mais atentos no feminino.
Num fim de semana marcado pelo caos nos aeroportos na Europa e milhares de voos cancelados, o Sound Waves perdeu o alemão Klangkuenstler, cuja atuação estava prevista para as nove da manhã de ontem. Em comunicado, no sábado à noite, a partir de Munique, o berlinense revelou que foram procuradas "opções diferentes", mas sem resultado, desejando tocar em Portugal em breve.
Em compensação, a portuguesa Carol D"Souza entrou em ação duas vezes, em momentos distintos. Eletrizante, nas primeiras horas da madrugada, a germânica Stella Bossi não defraudou, atestando a exuberância que exibe no Instagram e também a ascensão das mulheres neste universo.
O festival "foi memorável" e a organização não tem dúvidas que esta "foi a melhor edição em 15 anos". A próxima está prometida para "as primeiras semanas de julho de 2023".