"Chuva de Estrelas" foi o primeiro, "Got Talent Portugal", que regressa esta noite à RTP1, é um dos mais recentes. Há 25 anos que os portugueses descobrem talentos na televisão portuguesa. "Hoje, como há 25 anos, continuo a emocionar-me. Até sou capaz de ser mais piegas", diz Catarina Furtado.
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Catarina Furtado é a apresentadora que mais anos leva de "talent shows" em Portugal. Deu o pontapé de saída em 1993, apresentando as duas primeiras edições de "Chuva de Estrelas". Uma década depois, já na RTP, abriu as portas de "Operação Triunfo", que conduziu nas duas primeiras edições. Seguiram-se quatro temporadas de "Dança Comigo" (2006-2009), duas de "Dança Comigo no Gelo" (2009-2010), "A Voz de Portugal" (2011) e as quatro temporadas que se seguiram do concurso, agora já batizado de "The Voice Portugal" (2014-2017).
"Ainda bem que fizeram a contabilidade, porque eu já não me lembrava", começa por dizer, divertida, Catarina. A apresentadora diz ao JN que não tinha "qualquer noção que já tinham passado 25 anos". "A velocidade do tempo e a intensidade dos sentimentos são tais, que parece que o tempo não passou", afirma.
"Há um lado emotivo muito forte e sentir que, de alguma forma, posso ter contribuído para ajudar os concorrentes a alcançar os seus sonhos é muito bom", sublinha, acrescentando que "hoje, tal como há 25 anos", continua a emocionar-se. "Até sou capaz de ser mais piegas agora porque sou mãe".
Ao longo destes 25 anos, foram muitos os cantores que a televisão deu a conhecer. A começar por Sara Tavares, passando por João Pedro Pais, Carolina Deslandes, Luísa Sobral, Luciana Abreu, Carolina Torres e Carlos Costa, só para citar os mais conhecidos do grande público. Ainda assim, Manuel Moura dos Santos destaca "a baixa taxa de aproveitamento de gente capaz que conseguiu consolidar a sua carreira". "O mercado é pequeno e muitas vezes é preciso ter sorte".
Boucherie Mendes, que foi jurado em três edições do "Ídolos", considera que nestes 25 anos, os "talent sows" se tornaram "verdadeiros tutoriais para os jovens que aspiram carreiras artísticas, uma espécie de miniconservatórios, pequenos mestrados".
Apresentadores vs jurados
Bárbara Guimarães, que apresentou vários destes programas, sublinha que "eles serviram para abrir horizontes" e que "continuam a ser muito vistos". "E ao contrário do que acontece com os "reality shows", que acabaram por cansar um pouco os espectadores, isso não aconteceu com os concursos de talentos", afirma ao JN, apontando ainda uma curiosidade: "Ao longo dos anos, e isso é uma tendência internacional, os apresentadores foram perdendo o protagonismo e os jurados passaram a ser as estrelas da companhia. Veja-se o caso do "The Voice"", de que a apresentadora da SIC é uma fã.
Portugal ganhou lá fora em 1998
O sucesso do "Chuva de Estrelas" em Portugal foi de tal ordem, que até ganhámos uma edição internacional do programa. Foi há 20 anos, quando Carlos Bruno ganhou na Holanda, imitando o vocalista dos R.E.M. com a canção "Everybody hurts".
Rampa de lançamento... fora da música
Carolina Torres, na apresentação e na ficção, Luciana Abreu (foto), também nas novelas, ou Inês Herédia, na representação, são três exemplos de jovens que ganharam estatuto na TV portuguesa depois de passarem por "talent shows". As três continuam a cantar, mas não fizeram da música a sua principal aposta.
"Cooking shows" mudaram os hábitos
"A moda dos "talent shows" de cozinha veio revolucionar a vida das mulheres, mas também a dos homens", afirma Pedro Boucherie Mendes. "Temos mais homens na cozinha, aprendemos todos a comer melhor, a empratar melhor, a sermos mais exigentes com o que nos servem", sublinha.
Versões com famosos também rendem
Tal como nos "reality shows", também os concorrentes famosos deram nova alma aos programas de talentos. "Dança comigo", "MasterChef", "Academia dos famosos" e "A tua cara não me é estranha" são quatro dos formatos que contaram com o peso das figuras públicas.