Edição de 2024 do Festival organizado pela Folha de Medronho celebra o 25 de abril e as ligações entre a CPLP, com música, teatro e workshops. Até domingo, em Loulé.
Corpo do artigo
"Tanto Mar” separa Portugal do Brasil, já cantava Chico Buarque em 1975, e há, no entanto, tanto mais que une estes, e outros, países. O Festival Tanto Mar 2024 acontece esta semana e até domingo em Loulé, no Algarve, com uma dedicatória ao 25 de Abril; mas focando-se sobretudo na celebração das ligações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. E tudo através da linguagem das artes performativas, nascidas onde quer que se fale português.
“O Tanto Mar é um festival onde se reúnem em Loulé, já pela quinta vez, grupos de artes performativas vindos dos países onde se fala o português. Queremos que Loulé se torne, num futuro próximo, como um ponto de referência neste ouvir, neste ver, intercambiar com grupos, com novas formas ou diferentes formas de fazer as artes, de praticar as artes performativas e, acima de tudo, criar laços, pontos para uma continuidade”, explica João de Mello Alvim, programador do festival.
O Festival é, destaca, “um longo abraço aos países falantes do português, a partir de Loulé”. Segundo Alvim, a organização procura, no fundo, juntar todos os anos grupos de artes performativas para fazer “um ponto da situação, uma montra, do que se passa, ou de parte do que se passa, nos países onde se fala o português no campo da dança, da música, do teatro, performance”.
É por isso um evento com uma marca primordial: a de “juntar países que têm um passado comum, onde existem feridas que vão-se cicatrizando, mas que é preciso falar sobre elas para elas cicatrizarem”, salienta.
É também um festival a apontar para um futuro, feito de mais intercâmbios e de parcerias. E no sentido de “tornar Loulé, nesse futuro, como um centro deste encontro e que poderá fazer ligação com outros encontros que se realizam em Moçambique, em Santo Domingo, em Cabo Verde”, frisa ainda João de Mello Alvim.
Finalmente é, destaca, um lugar “com tempo; onde nós queremos que as pessoas conversem, se conheçam, que tragam ideias e experimentem ideias”, conclui.
Num evento em que o eixo passa pela permuta de conhecimentos, experiências e memórias, este ano a edição tem uma dedicatória especial à celebração dos 50 anos do 25 de Abril, entrelaçada no objetivo central: “pretendemos dar o nosso contributo para a diversidade e qualidade da oferta artística em território nacional, apresentando trabalhos que têm por base outras culturas, outras vias estéticas, que embora se cruzem e contaminem, mantêm idiossincrasias próprias”, refere ainda a organização.
No cartaz, contam-se momentos como o espetáculo “No Limite da dor”, já esta quarta-feira, no Cineteatro Louletano; ou Lenna Bahule a apresentar "Kumlango”, um concerto a acontecer no domingo, 25, e que encerra o festival.
O programa principal é este, mas há ainda workshops, documentários e lançamentos de livros na programação completa, que pode ser consultada online:
22 de maio- 21H, CINETEATRO LOULETANO
No Limite da Dor, pela Companhia Lendias d’Encantar [Portugal - PT]
Teatro | M/12 | 70 minutos | 5€
23 de maio- 21H, CINETEATRO LOULETANO
Ilha dos Sem Terra, pela RaizArte [São Tomé e Príncipe - ST]
Teatro | M/12 | 45 minutos | 5€
24 de maio- 21H, CINETEATRO LOULETANO
Não há mar, pelo Teatro Por Que Não? [Brasil - BR]
Teatro | M/14 | 65 minutos | 5€
25 de maio- 21H, CINETEATRO LOULETANO
Lenna Bahule apresenta "Kumlango" [Moçambique - MZ]
Música | M/12 | 80 minutos | 5€