O ator brasileiro está em Portugal, para ser homenageado no Fantasporto, e entre a viagem de Lisboa ao Porto, almoçou com a imprensa e revelou a receita para uma carreira longa.
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Tony Ramos, que vai receber o Prémio Carreira na 38.ª Edição do Festival Internacional de Cinema do Porto, revelou que se mantém empenhado e motivado, ao fim de 40 anos de carreira, devido ao "amor que se tem pelo público".
"Tenho vontade de fazer o melhor possível para aquela pessoa solitária, às vezes adoentada. Fechem os olhos e pensem um pouco nisso. Existe uma responsabilidade social muito grande", afirmou o ator brasileiro, esta sexta-feira, em declarações à imprensa.
O apoio e o respeito da mulher, Lidiane Barbosa, que "é sempre a primeira a ler os textos" que lhe chegam às mãos, tem sido uma peça fundamental para o sucesso. Casado desde 1969, Tony assegurou que "não existe receita e que é tudo uma questão de respeito". "Temos de respeitar a mulher. É simples. É uma matemática de respeito mútuo e uma parceria, onde os egos não têm lugar", referiu.
Durante os diversos anos como profissional, o ator, pai de Rodrigo e Andréa, escolheu nunca responder ao assédio das fãs. Desde o primeiro momento que Tony Ramos achou melhor "não alimentar" o amor platónico que as pessoas têm pelas suas personagens.
"Entre mim e o público sempre existiu uma relação transparente. Eu não sou um objeto de consumo. Sempre disse para terem cuidado: o cidadão que incorpora a personagem é uma outra pessoa", explicou.
Atualmente, Tony Ramos, de 69 anos, veste o papel de um português chamado José Augusto na novela "Tempo de Amar", da TV Globo. O livro "Portugal Queirosiano" serviu-lhe de base de estudo. "Está na minha cabeceira sempre que existe algum trabalho relacionado com Portugal. Desta vez, também recorri a historiadores, mas a minha pesquisa foram mais fotografias da época, filmes da cinemateca portuguesa e da cinemateca brasileira", disse.
O ator brasileiro mantém essa obra guardada desde 1988, quando encarnou pela primeira vez uma personagem Lusa, com o nome Jorge em "Primo Basílio". "Mergulhava através das linhas de Eça de Queirós e conseguia dar vida aquele Jorge. Na altura, o departamento de pesquisa entregou-me 200 páginas e a mim bastou-me o livro", terminou.