“No line on the horizon” é o muito aguardado 12.º álbum de originais da mais famosa banda irlandesa. Gravado entre Marrocos e Nova Iorque, o disco insinua algumas diferenças, mas, no essencial, é U2, tal qual conhecemos. <strong>Veja o vídeo</strong>
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“Imensa gente tem um álbum dos U2. Porque haveriam de querer outro?” Esta foi a pergunta que Bono colocou, em entrevista à BBC, e à qual os fãs da banda irlandesa poderão dar resposta amanhã. Bono respondeu a Bono e colocou a tónica no investimento que a banda faz em cada álbum para provar aos seus admiradores que vale a pena percorrer com eles este caminho, que já leva três décadas de bagagem. Três décadas e 12 álbuns de originais.
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O novo disco chega quase cinco anos após “How to dismantle an atomic bomb” (2004), o maior intervalo temporal na discografia da já carimbada “maior banda rock do Mundo”. O tempo que dista entre cada registo prova que não têm pressa e que, efectivamente, se empenham em cada álbum como quem dá um tiro certeiro. “No line on the horizon”, disco de expectativas tanto para a banda como para os fãs, já era o acontecimento musical de 2009 ainda o ano de 2008 não se tinha despedido.
O que traz “No line on the horizon” de novo? Tudo e nada. Há letras políticas, íntimas e irónicas, registos na terceira pessoa, guitarras ferozes, uma linha de groove e os eternos “ohohoh”. Há uma viagem física e interior que se vislumbra à primeira audição, com a criação de ambientes sonoros envolventes que encontram nos sete minutos de “Breathe” o seu expoente máximo.
O que parece certo é que este é o melhor álbum que os U2 fizeram desde “Achtung Baby” (1991).
Entre Marrocos e Nova Iorque
Quando, em Outubro de 2006, começaram a preparar o álbum, Bono Vox, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. tinham uma certeza: queriam fazer algo diferente, explorar outras direcções.
E este álbum insinua esse desejo, mas não o concretiza plenamente. Soa a novo, mas não deixa de soar aos mesmos U2 de sempre, que em cada década foram mudando, mas mantendo intacta a identidade. Com clara assinatura de Brian Eno e Daniel Lanois na produção, este é um álbum que parece conter todo o universo dos U2 e mais.
O produtor Rick Rubin foi a primeira escolha para dar forma a este trabalho, mas depressa viria a ser preterido pela dupla Eno e Lanois, mais vocacionada para a criação de ambientes que os U2 exploraram neste álbum. Em Junho de 2007, entram em cena os produtores que já haviam partilhado créditos em três álbuns fundamentais do grupo: “The unforgettable fire”, “The Joshua Tree” e “Achtung baby”. Desta vez, estrearam-se no processo de composição das músicas.
O desejo de fazer um disco diferente levou-os a Fez, Marrocos, onde gravaram parte do trabalho, seguindo-se os estúdios em Dublin, Nova Iorque e Londres, onde o concluíram . O processo criativo foi moroso mas profícuo, tendo o álbum sido concluído apenas em Dezembro do ano passado, quando foram eleitas 11 das cerca de 60 músicas que a banda tinha composto.
“No line on the horizon” não é um novo horizonte para os U2, mas é parte do caminho para lá chegarem, quem sabe, no álbum que a banda pretende lançar, até ao final do ano, com músicas que ficaram de fora deste alinhamento, avançou Bono ao jornal britânico “The Guardian”.
Satisfeitos, Brian Eno e The Edge afirmaram, em entrevista à revista “Q”, que este era, provavelmente, o melhor álbum da banda.