O trabalho de divulgação nas escolas do património cultural imaterial do Norte de Portugal e da Galiza vai ser inscrito no "modelo de boas práticas" da Unesco. A decisão vai ser oficializada nesta sexta-feira.
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A admissão da candidatura já terá sido confirmada aos Governos português e espanhol, segundo a associação "Ponte...nas ondas!" (PNO), promotora da atividade com estabelecimentos de ensino portugueses e galegos há quase três décadas. E está previsto que uma delegação da PNO vá assistir à proclamação oficial nesta sexta-feira, dia 1 de Dezembro, durante a sessão do Comité Intergovernamental da UNESCO. Um evento que está a decorrer em Rabat, em Marrocos, até 3 de dezembro.
"Soubemos da inscrição informalmente através de Espanha, que recebeu a notificação da Unesco, como deve ter recebido Portugal. Só que em Espanha comunicaram à associação, que já estava decidido [o desfecho da candidatura]. Portugal não disse nada até este momento", declarou ao JN, Lurdes Carita, porta-voz da PNO do lado português, adiantando que "vamos a Rabat para sabermos oficialmente desta inscrição como modelo de boas práticas com o património cultural imaterial".
O JN apurou, junto de fonte oficial do lado português, que "existe uma recomendação" para a referida inscrição, mas a confirmação só ocorrerá na sessão em Rabat.
Para Lurdes Carita, o reconhecimento da Unesco significa a concretização de uma velha aspiração da PNO. "É uma luta com 27 anos. Para nós significa que se conseguiu que reconhecessem que é um bom trabalho que as escolas fazem à margem dos programas escolares", comentou, referindo que, após esta conquista, o próximo objetivo é que aquela seja "uma prática de ensino nas escolas". "Pretendemos que os miúdos possam aprender, como aprendem por exemplo o Inglês, que existe uma património comum e em que é que consiste", indicou, destacando a importância de "passar às novas gerações um conhecimento o mais profundo possível do que é o património".
A PNO nasceu em 1995, aquando da inauguração da travessia internacional que liga Monção a Salvaterra do Miño na Galiza. O projeto foi criado por um grupo de professores como uma nova "ponte" entre as escolas dos dois lados da fronteira. E deu aí os primeiros passos para uma atividade, com base principalmente em programas de rádio temáticos que começaram a dar visibilidade a tradições e riquezas culturais portuguesas e galegas.
Sempre com música tradicional, de fundo. O nome da associação está relacionado com a palavra "ponte", que na Galiza tem dois significados: travessia e põe-te.
De acordo com a PNO, "a junta da Galiza, governo autónomo com competências na educação e cultura já confirmou
que vai implantar o modelo Ponte...nas ondas! no seu sistema educativo e tem manifestado vontade de acordar também, com Portugal e Espanha, a sua implementação".