Festival de rock do norte abriu ao som dos algarvios The Black Teddys. "Este festival é mítico, é completamente diferente do normal", diz quem já lá está.
Corpo do artigo
O festival de Vilar de Mouros arrancou esta quinta-feira com temperaturas estivais. O primeiro concerto coube ao quarteto do Algarve, The Black Teddys, que tomou conta do palco com a garra toda. Ou não fosse aquele um festival com 51 anos, sonhado por jovens músicos como estes de Olhão, que compõem uma banda indie rock, influenciada por artistas e bandas do panorama rock e pop, das décadas de 60 e 70 até à atualidade.
Carlos Favinha, o vocalista, tratou de assinalar logo no arranque: "Em Vilar de Mouros está mais quente que no Algarve!". E o público, ainda a chegar a ritmo lento, sob sol tórrido e uns inclementes quase 30 graus, empatizou com a banda algarvia, que ao fim de 40 minutos saiu extasiada para o backstage.
"Uau! Foi uma experiência inigualável. Foi muito, muito bonito. Mágico, quase. Estava imenso público à nossa frente e curtiu as músicas connosco", comentou Carlos, sublinhando (de novo) o fator temperatura. "Em palco estava quente, quente, quente. Lá em baixo o pessoal estava a fazer isto, aquecer, por isso, acho que está bem mais quente aqui que no Algarve", disse.
Tocar no coração
André Brito (baixo), sentiu que valeu a pena percorrer mais de 600 quilómetros num dia para tocar junto às margens do rio Coura. "Sempre sonhamos com Vilar de Mouros. Sempre foi um objetivo atravessar o país para vir tocar cá no Norte. E foi surreal. Um sonho concretizado", afirmou. E Kelvin Evans (baterista) foi ainda mais fundo: "Por mim, repetia tudo outra vez. Subia lá acima ao palco e repetia. Senti que tocamos o coração das pessoas". E Ricardo Martins (guitarra), completou: "Parecia que já conheciam a nossa música".
A música dos algarvios deu o mote para a poeira do chão seco começar a levantar. De seguida tocaram os Battles, já com o recinto cheio "a caminhar para as 20 mil pessoas", diz Diogo Marques, da organização.
A noite tem muito por dar. E os autocarros descapotáveis (dois, pela primeira vez este ano), que fazem o serviço de shuttle gratuito entre Caminha e Vilar de Mouros, têm muita viagem (demora cerca de 20 minutos) para fazer "até às 4 ou 5 da manhã".
Miguel Santos, motorista, veio do Porto para guiar uma das viaturas e gostava de ver o concerto dos Simple Minds, mas não pode.
"Adorava, mas estou a fazer a noite. Não dá. É pena", comentou, explicando a dinâmica do transporte. "O autocarro começa a encher aí pelas 17 até às 21 horas. Depois abranda um bocadinho e começa a malta a regressar", contou, comentando: "As pessoas que vêm são diferentes. Não há dúvidas de que este é um festival mítico, completamente diferente do normal. Vem gente de todas as idades. Ainda há bocado deixei um senhor que devia ter perto de 90 anos".
Brasileiros presentes
O casal brasileiro Igor e Giovana, de 25 e 23 anos, viajou de Leça da Palmeira para Caminha e dali para Vilar de Mouros na carreira conduzida por Miguel.
"É a nossa primeira vez. Viemos para assistir aos "shows" de Placebo e Gary Numan. É uma forma de conhecer bandas que ainda não tivemos oportunidade", contou Igor.