Antidepressivo comum pode reduzir reincidência na violência doméstica por parte dos homens, diz estudo

Crime de violência doméstica é público, sendo obrigação de todos denunciar
Foto: Pedro Correia / Global Imagens
A toma de um antidepressivo comum pode ajudar a reduzir tendências violentas em homens condenados por violência doméstica. Estudo publicado este mês reporta diminuição da agressividade e reincidência em agressores.
Os resultados fazem parte de um ensaio clínico que testou 630 homens condenados por violência doméstica entre os anos de 2013 e 2021 e indica que a toma de antidepressivos comum sertralina poderá ajudar a evitar a reincidência no crime de violência doméstica. O estudo implicou a criação de dois grupos aleatórios, desconhecidos dos investigadores: um que foi sujeito ao fármaco e um outro que tomou placebo. Ou seja, nem os pesquisadores sabiam quem é que pertencia a que grupo.
No final, as primeiras conclusões, publicadas na revista The Lancet e na Clinical Medicine, revelam que quem tomava antidepressivos registava uma significativa redução de reincidência no crime de violência doméstica.
Ao detalhe, os investigadores das universidades de New South Wales e de Newcastle notaram que a taxa de delitos após o primeiro ano foi menor no grupo sujeito a sertralina do que no placebo, numa proporção de 19,1% e 24,8%, respetivamente. Após dois anos, a redução da reincidência atingiu os 28,2% e 35,7% para os grupos acima descritos.
Do outro lado, a investigação, financiada em parceria com o Conselho Nacional Australiano de Saúde e Pesquisa Médica e pelo Departamento de Comunidades e Justiça indicou que 96% das companheiras relataram segurança mantida ou aumentada e 85% notaram mudanças comportamentais positivas nos homens
A sertralina atua na regulação do controlo dos impulsos e das respostas emocionais, fatores presentes na violência doméstica. A toma, no âmbito deste estudo cuja síntese pode ser consultada no original aqui, indicou que logo no primeiro mês houve uma redução de 55% na depressão, 44% na angústia psicológica, 35% na raiva, 25% na irritabilidade e 20% na impulsividade dos homens sujeitos ao fármaco.

