Desporto feminino. Lançado guia com padrões internacionais para lesões, assédio e violência

Guia FAIR traz especificações para o desporto no feminino
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Nova orientação, apoiada pelo Comité Olímpico Internacional, define medidas para atletas e treinadores. Das práticas desportivas mais arriscadas para as mulheres, ao assédio e violência, passando pelos ciclos menstruais, impactos na mama e alterações hormonais, guia quer trazer regras mais claras para o desporto no feminino.
"Esta iniciativa é líder mundial, reconhece os riscos únicos de lesões sofridas pelas atletas femininas e dá orientações claras e práticas para todos os envolvidos no desporto, desde a base até aos níveis de elite". A frase é de Kay Crossley professora, investigadora e coautora de um guia que traz novas diretrizes e boas práticas para o desporto feminino constantes num novo documento cuja publicação está a ser apoiada pelo Comité Olímpico Internacional.
A Declaração de Consenso sobre Prevenção de Lesões em Atletas (FAIR no acrónimo original e que pode ser consultada aqui) traz regras mais rígidas que visam penalizar, entre outros aspetos, o contacto ilegal com o corpo e a cabeça para reduzir o risco de lesões, proibir a verificação corporal e o treino de contacto total em desportos juvenis, como hóquei no gelo e rugbi.
Conhecidas como as diretrizes FAIR, os especialistas alertam para a necessidade de uso de equipamentos de proteção concebidos para atletas do sexo feminino como capacetes, protetores bucais e proteção para o pescoço devidamente ajustados. No âmbito da prática desportiva, recomendam também exercícios de aquecimento neuromuscular obrigatórios em todos os desportos e faixas etárias para ajudarem a prevenir lesões nas pernas.
Para lá das orientações de carácter desportivo e político, o documento aponta necessidades de saúde específicas das mulheres que praticam desporto. O guia recomenda o uso de soutiens desportivos de apoio para prevenir dores e irritações na mama e aborda riscos específicos que estão associados a ciclos menstruais e alterações hormonais. Entre elas, chamam à atenção para o maior risco de lesões no ligamento cruzado anterior no caso das mulheres e que pode estar correlacionado com fatores hormonais, matéria que está ainda em estudo.
No âmbito de matérias como o assédio e violência, o guia FAIR apela à criação de espaços seguros para as atletas femininas e vinca a necessidade de se abordar temas como a gravidez, menstruação e corpos "ideais" de forma aberta.

