Mulheres precisam de metade do exercício dos homens para obterem igual proteção cardíaca

Os cientistas vincam a importância de as recomendações de saúde pública em matéria de exercício terem mesmo de contemplar as diferenças de sexo
Foto: Igor Martins
Tem quatro horas por semana para fazer exercício físico? Se as tiver e se as usar, poderá ter 30% menos probabilidade de vir a sofrer de doenças coronárias, diz estudo que analisou dados de mais de 80 mil adultos.
Se as mulheres praticarem cerca de 250 minutos de exercício por semana, pouco mais de quatro horas, conseguem diminuir em 30% o risco de terem doenças coronárias. Os homens, para atingirem patamar semelhante, terão de reforçar a dose e praticar 530 minutos semanais, ou seja, quase nove horas de atividade física, mais do dobro do sexo feminino.
Os valores foram obtidos num estudo recente que analisou os registos de exercício físico de 80 mil 243 adultos e sem registo de doenças coronárias - registados no biobanco britânico - e que partiu do pressuposto de investigações anteriores que apontavam já neste sentido: o de as mulheres poderem beneficiar mais do exercício físico do que os homens. E quais as razões para esta diferença? Os investigadores não adiantaram respostas fechadas, mas avançam eventuais diferenças hormonais, nas fibras musculares e na capacidade de decompor o açúcar em energia.
Com estes resultados, os cientistas vincam a importância de as recomendações de saúde pública em matéria de exercício terem mesmo de contemplar as diferenças de sexo bem como aconselhamento personalizado. E se elas precisam de menos tempo para atingir os objetivos de saúde, certo é que são também elas quem têm menor tempo disponível para cumprir metas semanais de atividade física regular
"Em comparação com os indivíduos do sexo masculino, as mulheres obtêm benefícios de saúde equivalentes com apenas metade do tempo de exercício", concluem os investigadores liderados pela analista de dados Jiajin Chen, da Universidade de Xiamen, na China. O autor sénior do estudo e professor Yan Wang espera que estes resultados possam "encorajar as mulheres fisicamente inativas a tornarem-se mais ativas, reduzindo o risco cardiovascular".
A investigação publicada na revista "Nature Cardiovascular Research" (e que pode aceder no original aqui) também indica que mulheres previamente identificadas com doenças coronárias também beneficiavam do exercício físico, registando três vezes menor risco do que os homens de morrer daquelas patologias durante o acompanhamento.
Por cá, o Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física, da Direção-Geral da Saúde recomenda, tendo por base orientações da Organização Mundial da Saúde, que os adultos cumpram, "pelo menos, 150 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada, ou 75 minutos de atividades vigorosas (ou uma combinação equivalente)". O mesmo documento, que pode consultar detalhadamente aqui, sugere a prática de "atividades que contribuam para melhorar ou manter a força e resistência musculares, pelo menos, duas vezes por semana".

