Mercedes Balsemão, a "rainha-mãe" que esteve "ao lado" de Francisco Pinto Balsemão

"Passei da rainha consorte a rainha-mãe". A frase é de Mercedes Balsemão e descrevia, em 2019, o seu percurso familiar como mulher de Francisco Pinto Balsemão, que morreu esta terça-feira, 21 de outubro, e mãe do sucessor à frente dos destinos da Impresa, Francisco Pedro Balsemão, que assumiu o lugar de CEO em 2016.

Olhando para a sua união de meio século "ao lado", como a própria sublinha, do fundador do grupo de media - que detém o Expresso e a SIC - e do Partido Social Democrata, Mercedes dizia, em entrevista ao Observador, que "praticamente, vivia com a História, já há 50 anos", ao lado de um homem que "representava a história recente". "Foi uma vida muito cheia, rica e variada", declarou na mesma entrevista. Um caminho em comum que foi agora interrompido por "causas naturais" e após uma luta contra a doença por parte de Pinto Balsemão, que partiu aos 88 anos.

Mercedes Aliu Presas, nascida em Lisboa e de ascendência catalã, conheceu Pinto Balsemão antes de abril de 1974, juntou-se ainda antes de o 'príncipe dos media' ser formalmente divorciado e casariam depois nas segundas núpcias, tendo dois filhos: Joana Pinto Balsemão e Francisco Pedro Balsemão.

Recordando esse momento de encontro, Pinto Balsemão descreveu-o, no formato Alta Definição, da SIC, como um ato de bravura por parte de Tita, como é carinhosamente tratada a presidente da SIC Esperança, escritora e tradutora. "Ela veio viver comigo, estava separado, não havia divórcio naquela altura, para quem anteriormente tinha casado pela igreja. Ela veio viver comigo, ainda antes do 25 de Abril e foi um ato de coragem, sobretudo no ambiente social em que ambos coexistíamos", detalhou em conversa com Daniel Oliveira.

Romance que começou em Cascais

"Conhecemo-nos numa boate em Cascais, que era o Van Gogo", recordou no mesmo programa da SIC. "Acho que ela também engraçou comigo, depois começámos a conversar, foi andando, não foi assim a correr, correr", descreveu sobre o início do romance com Tita. Uma relação laboral e pessoal sempre feita lado a lado e que incluía os hobbies. O empresário e fundador do PSD apresentou-lhe o golfe e, desde então que Mercedes, revelou na entrevista, "joga muito bem, tanto ou mais do que eu".

Nessa conversa intimista, o jornalista, empresário e ex-político e ex-primeiro-ministro confidenciou que a relação que tinha com a companheira - também tratada por Queen Mother [rainha mãe]- era "importantíssima". "Acompanhou a criação do Expresso antes de ele existir, é acionista fundadora, mas é muito mais do que isso. Acompanhou-me em momentos complicados, que houve vários, na política, no crescimento da Impresa. Tive sempre o apoio dela e pude sempre contar com ela", revelou. E acrescentou: "Acompanhou-me muito durante tudo o que foi o PREC [Processo Revolucionário em Curso] e o 25 de Abril e as suas sequelas, depois também o nascimento da SIC e o crescimento da SIC. Agora com o filho, Francisco Pedro, como chefe executivo, ela vibra bastante com isso, conto com ela e ela comigo", detalhou.

"Ele conta-me sempre tudo", referia Mercedes, na conversa em 2019. A também autora de palavras cruzadas e outros jogos publicados no semanário Expresso desde a sua fundação detalhou ainda: "Ele conta-me o que faz, as decisões que toma, as preocupações que tem, as indecisões, segui a carreira dele sempre a par e passo."

Antes da união com Mercedes, Francisco Pinto Balsemão foi casado com Isabel Costa Lobo, mãe dos filhos mais velhos, Mónica Balsemão e Henrique Balsemão, e teve um relacionamento com Isabel Supico Pinto, com quem teve Francisco Maria, que está também ligado ao grupo Impresa.

Francisco José Pereira Pinto de Balsemão morreu esta terça-feira, 21 de outubro, e deixa cinco filhos, catorze netos, um bisneto e um profundo legado nos media e na política nacionais.