"Uma perda sem tamanho. Já não há homens desta qualidade": figuras públicas lembram Pinto Balsemão
A notícia da morte de Francisco Pinto Balsemão, aos 88 anos, provocou várias reações entre jornalistas, comentadores e figuras públicas. Fundador do "Expresso", da SIC e do Partido Social Democrata, Balsemão foi apelidado de "príncipe dos média" pela forma como transformou a comunicação social portuguesa.
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No estúdio da SIC, Maria João Avillez, comentadora e antiga jornalista, mostrou-se emocionada: "É uma perda sem tamanho pelo que ele representou em Portugal. (...) Nascido onde nasceu, com as facilidades que tinha, não seguiu por aí; escolheu uma coisa que era fácil naquele momento, que era tentar mudar um regime por dentro", afirmou.
Destacou também que Balsemão "fundou o 'Expresso', marcando uma geração", e "criou a SIC, marcando também gerações seguintes". Sobre o então diretor, recordou: "Andava pelos corredores a dizer "isto não é o Scala de Milão". Era capaz de muito humor, mas um profissional seríssimo. Já não há homens desta qualidade."
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Ricardo Costa, antigo diretor de informação da SIC, também reagiu à morte do ex-político. "Conheci-o pessoalmente como professor universitário, foi o meu professor como foi de muitos jornalistas, na Universidade Nova de Lisboa. Quando entrei no 'Expresso' foi, aliás, na sequência da cisão mais existencial do 'Expresso', que foi a saída de metade da redação para o 'Público', incluindo a secretária do doutor. Balsemão na altura. Percebi que no meio daquilo tudo havia uma referência absoluta".
"Era uma mistura de pessoa que conseguia estar na política, na cultura, e tendo amigos das mais diversas áreas, misturando toda a gente. Sempre teve esta marca de misturar gente muito diferente, não fazer redações monolíticas", acrescentou ainda.
Entre as figuras públicas, Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, publicou nas redes sociais: "Partiu uma das minhas referências pessoais e políticas. Francisco Pinto Balsemão teve uma vida feita de superlativos: foi fundador da democracia portuguesa, foi primeiro-ministro, foi o grande pioneiro da transformação da comunicação social. Mas foi, acima de tudo, um cidadão sempre comprometido com o país. Em 2023, entregando-lhe a Medalha de Honra da Cidade, lembrei isso mesmo. Em nome de Lisboa e dos lisboetas, apresento as minhas sentidas condolências para toda a família e amigos."
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Também nas redes sociais, Catarina Furtado reagiu à notícia. "Obrigada por tudo. Pessoalmente e profissionalmente." Os dois mantinham uma relação de apreço mútuo. Em 2021, a apresentadora esteve presente no lançamento do livro "Memórias", sobre a vida e carreira de Francisco Pinto Balsemão, e destacou a importância que ele teve na sua trajetória profissional, agradecendo a Balsemão, que teve "uma importância gigante" na sua carreira. "Mesmo não concordando com a minha decisão de ir estudar teatro e cinema para Londres, no início de carreira, não me cortou as asas. Insistiu que a SIC precisava de mim e que, para isso, teríamos de fazer um acordo: iria então tirar o curso, mas ao mesmo tempo faria entrevistas a atores, produtores e realizadores internacionais, a partir da capital londrina".
A apresentadora sublinhou ainda o impacto pessoal do mentor: "Visionário, honesto, ensinou-me sobre conceitos tão fundamentais como liberdade e compromisso."
Basílio Horta, antigo vice-presidente do CDS e presidente cessante da Câmara de Sintra, considerou no Facebook que, com a morte de Balsemão, "desaparece uma personalidade decisiva de toda uma geração de políticos".
"Era um homem de princípios, de extrema delicadeza e de enorme qualidade pessoal e política. Hoje perdi mais um amigo com quem colaborei de forma muito próxima nos seus governos. Todos ficamos mais pobres e alguns, já poucos, cada vez mais sozinhos", sublinha Basílio Horta.
O antigo secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media Nuno Artur Silva afirmou hoje à Lusa que Francisco Pinto Balsemão é "uma referência absoluta da democracia" portuguesa e que o seu papel é insubstituível.
Bárbara Guimarães também prestou homenagem, escrevendo nas redes sociais: "Lealdade. Parte da minha história foi feita consigo."
O ator José Mata partilhou a notícia da morte de Balsemão nas stories da sua página de Instagram, tal como a apresentadora Tânia Ribas de Oliveira. João Baião publicou na mesma rede social: "Dr Francisco Pinto Balsemão", na legenda de um retrato daquele que foi seu patrão.
"É a morte de um amigo. Tinha sobretudo com o doutor Francisco Pinto Balsemão, desde os anos 80 do século passado, uma relação de fortíssima amizade", declarou à SIC Notícias Luís Marques Mendes, antigo líder social-democrata e membro do Conselho de Estado.
Para Marques Mendes, Francisco Pinto Balsemão era "amigo do seu amigo, uma pessoa leal, uma pessoa solidária, uma pessoa de caráter e era uma pessoa vertical". "Perco aqui de facto um grande amigo", salientou.
No plano político, o candidato presidencial considerou que Pinto Balsemão deu "um contributo decisivo em 1982 para a revisão da Constituição". "É talvez o facto mais marcante e mais histórico de toda a sua vida em democracia. Porque a revisão da Constituição de 1982 foi histórica para Portugal: acabou com o Conselho da Revolução, introduziu a consolidação civil do nosso regime, adaptou o nosso regime à marca e à tradição europeia. Acho que ele ainda hoje não foi devidamente homenageado pelo papel notável que teve nesse ano e nessa revisão da Constituição", sustentou Luís Marques Mendes.
Emocionada, a apresentadora Liliana Campos deixou uma homenagem de gratidão: "Querido Drº Balsemão, muito obrigada por tudo, e por tanto. Contribuiu e muito para deixar um Mundo melhor. Vou guardar no meu coração as nossas gargalhadas, o seu cavalheirismo e, no meio da sua vida tão ocupada, ter tempo para me enviar uma mensagem de parabéns ou responder aos meus emails. O meu mais sincero abraço a toda a família. Descanse em Paz, querido Drº Balsemão."
Já Herman José escreveu brevemente nas redes sociais, recordando a capa da revista "Caras" que partilharam em 1995: "Francisco Pinto Balsemão 1937-2025. Tanta vida, tanto mundo, tanta obra."
O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, disse esta noite que Francisco Pinto Balsemão "foi uma personalidade incontornável dos séculos XX e XXI", em declarações ao canal NOW.
"Pinto Balsemão foi uma personalidade incontornável do século XX e do século XXI português", disse Nuno Melo, que é o atual ministro da Defesa, destacando o papel do antigo primeiro-ministro na política e na imprensa livre.
"Até ao fim dos seus dias, Francisco Pinto Balsemão impressionou o país com a sua energia, sagacidade e espírito de inovação. A democracia, o parlamento e o país prestam-lhe tributo e agradecem a sua vida de serviço público", refere-se na nota de pesar de José Pedro Aguiar-Branco, publicada no site oficial da Assembleia da República.
"Balsemão viveu uma vida longa e frutuosa, que se confunde com a própria História da democracia portuguesa. Ao lado dos outros integrantes da Ala Liberal, bateu-se pela liberdade de expressão, pela liberdade de imprensa e pela livre-iniciativa económica, em face de um regime autoritário, que tardava em modernizar-se", lê-se no texto assinado por Aguiar-Branco.
O antigo presidente Cavaco Silva também lamentou a morte de Pinto Balsemão, recordando que a condecoração da Grã-Cruz da Ordem da Liberdade que lhe concedeu foi a "expressão máxima de gratidão" pelo seu contributo ao país.
Lembrando a sua ousadia e pioneirismo na comunicação social livre, Cavaco Silva sublinha que Pinto Balsemão foi "também um empresário fundamental para a liberdade de imprensa no País, enquanto fundador do 'Expresso' e da SIC".
"Pioneiro na comunicação social livre, mesmo antes da Liberdade vingar, Pinto Balsemão mostrou ousadia perante o antigo regime", escreve o antigo presidente, destacando que "a fundação do então Partido Popular Democrático, a 6 de maio de 1974, ao lado de Sá Carneiro e de Magalhães Mota, permanecerá como um legado para a história da nossa Democracia".
Entre os jornalistas da SIC, Clara de Sousa juntou-se às homenagem: "Tantos momentos partilhados. Tanta liberdade para pensar e para questionar. Hoje não vou usar de muitas palavras. Fica apenas a gratidão. Pelo exemplo. Pela coragem. Por ter feito da liberdade um princípio e por ter fundado esta casa onde nunca deixámos de ser livres. Foi muito mais do que o nosso "patrão". Foi um homem que mudou o país e as nossas vidas. Obrigada."
As homenagens sucedem-se e a apresentadora Fátima Lopes escreveu nas redes sociais: "O nosso país tem muito a agradecer a Francisco Pinto Balsemão. Um visionário, um pioneiro, um sonhador e um empreendedor. Um verdadeiro democrata. A história da democracia não se escreve sem o seu nome. E a história da comunicação social em Portugal tem um antes e um depois da intervenção de Francisco Pinto Balsemão. Profissionalmente, devo-lhe muito: a confiança permanente no meu trabalho e no meu talento. Nunca esquecerei a forma cuidada como sempre me tratou. Até sempre, Dr. Balsemão."
O candidato à presidência da República Henrique Gouveia e Melo destacou que Francisco Pinto Balsemão foi uma das "maiores referências nacionais da política, do jornalismo e da sociedade".
"Deixa-nos uma das maiores referências nacionais da política, do jornalismo e da sociedade, mas o seu legado ficará para sempre na memória dos portugueses", afirmou. O almirante na reserva lembrou que conheceu o antigo primeiro-ministro e fundador do PPD/PSD no fim da pandemia de covid-19 e recordou "as conversas muito interessantes" que mantiveram desde então.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros recordou hoje Francisco Pinto Balsemão como "um homem livre" e "um dos grandes vultos da política" portuguesa dos últimos 60 anos.
"Estamos a falar, sem dúvida, de um dos grandes vultos da política e da sociedade portuguesa dos últimos 60 anos", destacou Paulo Rangel, recordando quer o seu papel na oposição ao regime de Salazar como jornalista e deputado da Ala Liberal, ao lado de Francisco Sá Carneiro, Magalhães Mota ou Miller Guerra, quer depois como primeiro-ministro.
"Hoje despedimo-nos de um verdadeiro senador da democracia portuguesa", afirmou Rui Moreira, numa declaração nas redes sociais. "Foi com profundo respeito, grande admiração e sentida gratidão que, em setembro de 2023, entreguei as Chaves da Cidade a Francisco Pinto Balsemão", recordou o responsável da Câmara do Porto, acrescentando: "Por esse motivo declaro dia de luto municipal", para esta quarta-feira.
O candidato presidencial António José Seguro elogiou hoje o "papel destacado" de Francisco Pinto Balsemão na política portuguesa, um "homem de convicções democráticas firmes" que se dedicou à causa democrática e deixa um legado no pluralismo político e mediático.
"Foi com profunda tristeza que recebi a notícia do falecimento de Francisco Pinto Balsemão. Homem de convicções democráticas firmes, Balsemão teve um papel destacado na história política portuguesa, em particular no período conturbado da consolidação da nossa democracia", refere Seguro numa publicação nas redes sociais.
O porta-voz do Livre, Rui Tavares, considerou que Pinto Balsemão "deu muito ao país", na imprensa e na política, na oposição e no Governo, sendo agora "o momento do reconhecimento".
"Francisco Pinto Balsemão deu muito ao país. Em ditadura e na democracia. Na imprensa e na política. Na oposição e no governo. Como jornalista e empresário. A aliados e adversários", lê-se numa mensagem escrita na conta oficial de Rui Tavares na rede social "X". Para o dirigente do Livre, "de todos, agora é o momento do reconhecimento".
De luto pela morte da própria mãe, Daniel Oliveira, apresentador e diretor de programas da SIC, afirmou: "Portugal perdeu o Homem, mas o legado de Francisco Pinto Balsemão perdura e será continuado. A família perde o pai, mas não as memórias e o amor. A SIC perdeu o fundador, mas o seu exemplo, a sua visão, o seu charme e humor serão lembrados. Eu perdi um amigo."
O gestor e ex-banqueiro António Horta Osório destaca Pinto Balsemão como "um baluarte da democracia portuguesa e um defensor intransigente da liberdade de imprensa"., numa nota enviada à Lusa. "Portugal fica hoje mais pobre", concluiu o gestor, que há cerca de um ano renunciou ao cargo de administrador da Impresa para se dedicar à sua atividade internacional.

