Cortar demasiado nas calorias por decisão própria pode levar a problemas de saúde mental. Estudo analisou dados de mais de 28 mil adultos e correlacionou dietas restritivas e sintomas depressivos
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Com a chegada do tempo de praia avolumam-se muitas vezes as decisões para fazer dieta ou fazer cortes calóricos radicais. Contudo, para lá dos efeitos nefastos sobejamente conhecidos, investigadores avançam que levar a intenção longe de mais pode acarretar problemas de saúde mental.
A análise, que reuniu dados de 28 mil pessoas e incluiu entrevistas, indica que as pessoas que optavam por dietas com mais alimentos ultraprocessados e doces mostravam maior propensão para níveis mais elevados de depressão. Já aqueles que baseavam as suas escolhas na típica dieta mediterrânica tinham menor risco de sintomas depressivos.
O estudo, publicado na revista BMJ Nutrition, Prevention & Health e contou com informações de 14 329 mulheres (50.61%) e 14 196 homens (49.39%), vinca que estas “novas descobertas contrastam com estudos anteriores que indicavam que dietas de baixas calorias melhoravam os sintomas depressivos”, lê-se no documento final e que pode ser consultado aqui.
Uma discrepância – como se lê no relatório – que pode ser justificada pelo facto de “estudos anteriores serem resultado de ensaios clínicos randomizados nos quais os participantes cumpriram dietas cuidadosamente elaboradas, garantindo a ingestão equilibrada de nutrientes”.
“As descobertas indicam que deve ser observada cautela com dietas excessivamente restritivas ou desequilibradas, especialmente para pessoas que já enfrentam stress ou desafios relacionados ao peso”, referiu, em comunicado, o psiquiatra, pesquisador, diretor do Programa de Psiquiatria do Hospital de Toronto e um dos autores do estudo. Venkat Bhat recomenda, por isso, que se opte por “mudanças dietéticas equilibradas e sustentáveis que atendam às necessidades nutricionais e considerem os impactos psicológicos individuais”, ajudando a “minimizar eventuais efeitos negativos sobre o humor”.
A nova investigação vem alertar para o risco “de dietas com restrição calórica poderem gerar deficiências nutricionais (particularmente em proteínas, vitaminas/minerais essenciais) e induzirem stress fisiológico, que pode exacerbar a sintomatologia depressiva, incluindo sintomas cognitivo-afetivos”.