"Benfica, campeão da Europa - ou a maior vitória de sempre do futebol português", titulava, a 1 de junho de 1961, o JN, dando eco à vitória das águias, na véspera, frente ao Barcelona, na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1960/61.
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Pouco mais de um milhar de portugueses assistiu ao jogo na Suíça, em que, resenha o JN, "foi a velocidade a grande arma de um triunfo indiscutível". Porém, no texto admite-se que os encarnados tiveram "um pouco de sorte na vitória".
O jornal elogia Béla Guttmann, então treinador das águias, a quem lhe atribuiu o "troféu" de "homem da vitória". Um ano depois e após o "bis" na Europa, o húngaro sairia do clube lançando-lhe uma maldição que perdura, a de que o Benfica, sem ele, não teria mais títulos europeus.
O primeiro cetro europeu do Benfica e do futebol luso mereceu comemorações à altura. Lisboa "viveu intensamente o grande jogo", mas houve quem tivesse passado um mau bocado. O então presidente do clube, Maurício de Brito, sofreu um ataque cardíaco quando o troféu foi entregue a José Águas, capitão do Benfica e autor do primeiro golo frente aos catalães. "Cerca de 20 minutos depois já se encontrava bem", esclarecia o nosso jornal.
No dia seguinte, os campeões voltaram a Lisboa, coincidindo a data com a eliminação do Benfica da Taça de Portugal! Sem os principais craques, apresentou uma segunda equipa em Setúbal, na segunda mão dos oitavos de final. A equipa havia ganhado 3-1 em casa e daí nem ter feito alarido, pela data do jogo. Mas os sadinos venceram 4-1 e apuraram-se, batendo uma equipa de reservas onde pontificava Eusébio, então com apenas 19 anos e que assinou o tento de honra das águias. "Sensação na Taça. O vencedor da Taça da Europa não ganhará a prova nacional", titulou o JN.
Nada que beliscasse a festa encarnada. Os campeões europeus, regressados de avião à Portela, foram "apoteoticamente recebidos à chegada a Lisboa". Formou-se um grande cortejo "em direção à secretaria do popular clube", relatou o JN.
No dia seguinte, Américo Tomás, presidente da República, e Oliveira Salazar, presidente do Conselho de Ministros, foram visitados, no Palácio de Belém, pelos jogadores do Benfica, que seriam agraciados com a medalha de Mérito Desportivo nacional. "O sr. prof. dr. Oliveira Salazar cumprimentou os componentes da equipa (...) e manteve com eles uma conversa amistosa, em que manifestou o apreço pela vitória alcançada e pela expressão que ela teve como serviço prestado ao país", escreveu o JN.