A Polónia, membro da União Europeia (UE) e da NATO, restringiu o tráfego aéreo na sua fronteira leste, após a invasão de cerca de 20 drones russos suspeitos no seu território. Também pediu uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU.
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Esta restrição, que permanecerá em vigor até ao início de dezembro, "foi implementada para garantir a segurança nacional", afirmou a Agência de Navegação Aérea da Polónia (PAZP) em comunicado.
De acordo com a agência, a pedido dos militares polacos, o tráfego aéreo será encerrado, salvo raras exceções, aos voos civis ao longo da fronteira com a Bielorrússia e com a Ucrânia a partir de hoje e até 9 de dezembro.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, reportou 19 violações do espaço aéreo durante a madrugada. A invasão dos drones não provocou feridos, mas uma casa e um carro ficaram danificados no leste do país.
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"A pedido da Polónia, será convocada uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU sobre a violação do espaço aéreo polaco por parte da Rússia", anunciou esta quinta-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros polaco na rede social X.
A Polónia pretende "chamar a atenção do mundo para este ataque sem precedentes de drones russos contra um país que não é apenas membro da ONU, mas também da União Europeia e da NATO", acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Radoslaw Sikorski, à rádio RMF FM.
Segundo Sikorski, a intrusão "não é apenas um teste para a Polónia, é um teste para toda a NATO, não só militar, mas também político".
O chanceler alemão, Friedrich Merz, denunciou a "ação agressiva" da Rússia e o presidente francês, Emmanuel Macron, advertiu Moscovo contra este ato "precipitado".
"Estamos ao lado dos nossos aliados da NATO diante destas violações do espaço aéreo e defenderemos cada centímetro do território da Aliança", prometeu o embaixador dos Estados Unidos na Aliança Atlântica, Matthew Whitaker.
A ministra dos Negócios Estrangeiros da UE, Kaja Kallas, denunciou "a mais grave violação do espaço aéreo europeu por parte da Rússia desde o início da guerra".
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A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já causou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia a cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado, em ofensivas com drones, alvos militares em território russo e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.