O JN ligou-lhe ao fim de tarde, por isso não existia o perigo de o apanhar com a voz arrastada pela sonolência. Mas seria diferente se a conversa estivesse pensada para umas horas antes. "Sim, já dormi a "siesta" [risos]. É logo depois do almoço. Ganhei aqui esse hábito e faço sempre que posso. São só 30/45 minutos", começa por dizer Diogo Verdasca. Por aqui, já se vê para onde a carreira o levou para a estreia além-fronteiras.
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"Só a língua, na primeira semana, custou um bocado. De resto, a adaptação foi fácil. Eles têm muitos costumes parecidos aos nossos", acrescenta o futebolista formado no F. C. Porto. O "eles" são os habitantes de Saragoça, a capital de Aragão. "Temos uma ideia errada dos espanhóis. São todos simpáticos e prestáveis", diz Diogo, também rendido à cidade que o acolheu. "É espetacular, moderna e bastante segura", resume. E como se isso não bastasse, ainda "está a 300 quilómetros de Barcelona, de Madrid, do País Basco..."
Ali, nas margens do Rio Ebro e com os Pirenéus à vista, o domingo é sagrado - "ninguém trabalha" - e ainda há espaço para descobertas gastronómicas, embora, também aí, "as diferenças não sejam muitas". "Passei a comer guacamole, coisa que nunca tinha provado em Portugal, e conheci peixes que nunca tinha ouvido falar, como a lubina, de que fiquei fã", revela. E para melhorar o panorama, agora vem o verão. É que "em janeiro e fevereiro faz muito frio e vento": afinal, a fama de Saragoça ser "a cidade do vento" tinha que vir de algum lado.
Passe Curto
Nome Diogo Sousa Verdasca
Clube Real Zaragoza
Idade 21 anos (26/10/1996)
Posição Defesa
Na rua (quase) parece o CR7
Se fora do campo o choque não foi grande, nem nada que se pareça, no relvado não foi bem assim. "Vinha dos juniores e da equipa B do F. C. Porto, estava habituado a jogar em estádios com 1000 pessoas, no máximo. Aqui, seja em casa ou fora, estão sempre para cima de 15 mil espectadores. Já é mais alguma pressão", explica-se Diogo Verdasca. O central dá conta de que para aqueles lados "as pessoas vivem muito mais o futebol", a tal ponto que sair a rua deixou de ser um sossego. " Passei de uma realidade em que era tudo tranquilo para uma realidade em que seja onde for, as pessoas conhecem-me, reconhecem-me na rua e falam sempre comigo... Quase pareço o Cristiano [Ronaldo]", solta, entre risos. Quase...