No ano em que festeja o centenário, o Resistencia Sport Club resolveu compensar quem o acompanha há cerca de 20 anos.
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Tem vista privilegiada para o campo. Vê os jogos todos e também não falha um treino. Faça chuva ou sol. Não assobia, não critica, não insulta e, verdade seja dita, também não apoia muito. Enfim, quase não se dá por ela, mas está lá sempre. Nos bons e nos maus momentos. Fiel. É assim há quase 20 anos. E, finalmente, os responsáveis do Resistencia Sport Club recompensaram a inaudita fidelidade e ofereceram-lhe o cartão de sócio.
A árvore de que se fala foi ainda contemplada com a honra de ser o associado 1000 deste clube do bairro Ricardo Brugada, em Asunción, e mora numa espécie de topo norte do estádio Tomás Beggan Correa. Nasceu e cresceu por lá. Cresceu tanto que quando os responsáveis do Resistencia quiseram construir uma bancada para aqueles lados tiveram que recorrer às artes de diversos arquitetos e engenheiros para conciliar a obra com o mais fiel dos adeptos. Claro, podiam facilitar-lhes as coisas e deitar a árvore abaixo, só que isso esteve sempre fora de questão. Não se mata assim o amor.
Estudaram os projetos apresentados e a construção ganhou forma sem necessidade de atormentar quem por lá já andava. A bancada fez-se, com o indispensável buraco ao meio, e nos dias que correm é o lugar do estádio mais frequentado durante os jogos. É que a vizinhança é boa e, ainda por cima, garante uma sombra impagável naqueles dias em que o sol chega mais tórrido do que o suportável.
Ao longo dos anos, o Resistencia Sport Club, a competir nos escalões inferiores desde 1999, foi sendo chamado às conversas alheias. Não por causa dos resultados brilhantes, mas devido àquela árvore que chamava a atenção de tudo e de todos. "É praticamente um símbolo para nós. Somos reconhecidos em toda a parte por causa dela. Onde vamos, perguntam-nos sempre pela árvore", explicou Roberto Garcete, o presidente, orgulhoso.
Está à vista que razões não faltavam para que, no ano em que celebra o 100.º aniversário, o Resistencia retribua esta dádiva da natureza. Garcete trepou 20 metros, enfiou-lhe num dos troncos a camisola oficial do clube da capital paraguaia e pendurou-lhe o cartão de sócio que faz dela a primeira árvore associada de um clube. Afinal, amor com amor se paga.