As derrotas consecutivas frente ao F. C. Porto, para a Liga, e Inter Milão, para a Liga dos Campeões, colocaram a nu algumas debilidades contra as quais o Benfica luta pela primeira vez e outras que foi capaz de mascarar ao longo da temporada.
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A caminhada do Benfica, que dava ares de triunfal, rumo ao título nacional sofreu um rombo com a derrota caseira frente ao segundo classificado F. C. Porto (2-1), que dessa forma encurtou a distância para o topo da tabela para sete pontos, quando faltam disputar sete jornadas até ao final da Liga.
Ao deslize interno seguiu-se mais uma derrota, agora no plano europeu, na receção ao Inter Milão (2-0), que complicou muito as ambições dos encarnados em atingirem, pela primeira vez, as meias-finais da Liga dos Campeões.
Em poucos dias, as águias sofreram mais derrotas do que em toda a temporada, o que leva a uma questão incontornável: o que se passa com o Benfica? O JN apresenta-lhe cinco razões do insucesso:
1. Permeabilidade defensiva
Nos últimos dois encontros, frente a F. C. Porto e Inter Milão, o Benfica consentiu tantos golos quanto havia sofrido desde o arranque da segunda volta da Liga, quatro, entre jogos do campeonato, da Taça de Portugal e da Liga dos Campeões. Frente aos milaneses, as águias não puderam contar com o lateral direito Alexander Bah, lesionado, nem com o central Nicolás Otamendi, castigado, mas já diante dos dragões, sem baixas de vulto, foram notórias as dificuldades dos encarnados em contrariar a dinâmica ofensiva do adversário.
2. Menos eficaz na pressão
Sendo o futebol um jogo de dinâmicas coletivas, as responsabilidades pelo mau momento defensivo do Benfica não são exclusivas do setor mais recuado. Com o avançar da época, a pressão, em certas alturas quase asfixiante, implementada por Roger Schmidt quando a equipa não tem a bola, tem perdido alguma intensidade, abrindo mais espaços que as equipas de um nível semelhante ao das águias têm sido capazes de explorar. A saída de um jogador com a intensidade e a amplitude de movimentos de Enzo Fernández também terá tido o seu impacto.
3. Dificuldades após paragens
A ideia de futebol dominador que Roger Schmidt trouxe para o Benfica exige disponibilidade física e uma grande capacidade mental para manter o nível elevado durante períodos prolongados ao longo de uma época. Os problemas para os encarnados têm surgido na gestão dos momentos de interregno da competição. Foi assim em setembro, quando retomou a Liga com um empate a zero e uma exibição modesta em Guimarães, em dezembro, quando após o Mundial foi goleado em Braga (3-0), e este mês, marcado por duas derrotas consecutivas que se seguiram a uma exibição quanto baste em Vila do Conde, onde venceu pela margem mínima (1-0) sem conseguir evitar alguns sustos.
4. Poucas mexidas de Schmidt
O tema vem ganhando relevo nos últimos dias, mas não é propriamente uma novidade na era Schmidt. O técnico alemão tem-se mostrado, ao longo da época, avesso a muitas mudanças, seja no onze-tipo ou mesmo durante os jogos. Frente ao Inter Milão fez apenas uma substituição em todo o encontro, depois de abandonar a ideia de lançar Gonçalo Guedes e Petar Musa no tempo de compensação. No duelo com o F. C. Porto mexeu apenas por três vezes, uma delas forçada pela lesão de Bah e a outra a três minutos dos 90 quando lançou Musa para o lugar de Rafa. Após a derrota com o Inter, Roger Schmidt sublinhou que se limita a fazer as substituições que entende serem benéficas para a equipa. Percebe-se a intenção do treinador alemão em não descaracterizá-la em momentos de maior pressão, mas tem sido notória a falta de frescura dos encarnados, física e até psicológica, nos mais recentes jogos de maior exigência.
5. Plantel desequilibrado
A relutância de Roger Schmidt em mexer no onze também se poderá explicar com um plantel um tanto ou quanto desequilibrado, sobretudo na zona intermediária. A saída de Enzo Fernández no mercado de janeiro trouxe muitos milhões aos cofres da SAD, mas não foi compensada no plano desportivo. Frente ao F. C. Porto, o único médio sentado no banco do Benfica era o jovem João Neves, de 18 anos, que leva apenas 54 minutos disputados na atual edição da Liga. Em janeiro, o Benfica decidiu encurtar o plantel com as saídas de Hélton Leite, João Victor, John Brooks, Paulo Bernardo, Diogo Gonçalves e Henrique Araújo, para além do já citado Enzo Fernández. Estas saídas foram compensadas com as entradas dos jovens Andreas Schjelderup e Casper Tengstedt, ainda longe do nível exigido para serem opções consistentes para Schmidt. Para além disso, também perdeu Draxler para o que resta da época, por lesão, agudizando os problemas de gestão da equipa por parte do treinador alemão.
O que falta jogar ao Benfica
28.ª jornada da Liga: Chaves-Benfica
Quartos de final da Liga dos Campeões: Inter Milão-Benfica
29.ª jornada da Liga: Benfica-Estoril
30.ª jornada da Liga: Gil Vicente-Benfica
31.ª jornada da Liga: Benfica-Braga
32.ª jornada da Liga: Portimonense-Benfica
33.ª jornada da Liga: Sporting-Benfica
34.ª jornada da Liga: Benfica-Santa Clara